Chefe da OMS insta G-20 a agir contra desequilíbrio ‘inaceitável’ na vacinação

Tedros Adhanom Ghebreyesus diz que quase 75% dessas doses globais de vacinas contra a Covid-19 foram administradas em apenas 10 países

Ao contrário das expectativas de que a esta altura a pandemia de Covid-19 já estaria sob controle, o diretor-geral da OMS (Organização Mundial da Saúde), Tedros Adhanom Ghebreyesus, disse aos ministros da Saúde das principais nações industrializadas do G-20 que “o oposto é verdadeiro”.

A declaração foi dada em encontro ocorrido em Roma, no domingo (5). Ghebreyesus lamentou que “muitos países continuam enfrentando aumentos acentuados de casos e mortes”, apesar de mais de cinco bilhões de vacinas terem sido administradas globalmente.

Segundo ele, o problema é o desequilíbrio, que ele classificou como “inaceitável”. “Quase 75% dessas doses foram administradas em apenas 10 países”, afirmou, acrescentando que a África, com 2% da população vacinada, tem a cobertura de vacinação mais baixa do mundo.

As metas globais da OMS são apoiar cada país a vacinar pelo menos 10% de sua população até o final do mês, pelo menos 40% até o final do ano e 70% até o meio do próximo ano. “Ainda podemos atingir essas metas, mas somente com o compromisso e apoio dos países do G-20”, afirmou Tedros.

Como maiores produtores, consumidores e doadores de vacinas Covid-19, Ghebreyesus afirmou que as nações do G20 detêm a chave para alcançar a igualdade e acabar com a pandemia. “Nunca podemos permitir que uma pandemia dessa escala aconteça novamente. E não podemos permitir que uma injustiça como essa volte a acontecer ”, disse ele.

Vacinação contra a Covid-19 via Covax em Kampala, Uganda, março de 2021 (Foto: Unicef/Adrian Musinguzi)

Áreas de ação

O chefe da OMS falou sobre as áreas críticas de ação, começando com uma melhor governança global. “Um instrumento internacional de preparação e resposta a uma pandemia fortalecerá a base para a cooperação global, estabelecendo as regras do jogo e aumentando a solidariedade entre as nações”, disse ele.

O segundo ponto é mais e melhor financiamento para preparação e resposta nacionais e globais. “As facilidades de financiamento devem ser construídas usando as instituições financeiras existentes, em vez de criar novas que fragmentem ainda mais a arquitetura global da saúde”, afirmou Tedros, acrescentando que a OMS já deu passos em direção a melhores sistemas e ferramentas em todo o espectro One Health, sua terceira ação.

Finalmente, ele observou a necessidade de uma “OMS fortalecida, capacitada e financiada de forma sustentável” para cumprir plenamente o amplo mandato da organização. “Corrigir esse desequilíbrio é fundamental para que a OMS seja a instituição independente e autoritária que o mundo precisa que seja”, afirmou o funcionário da ONU.

Pedidos finais

Ao encerrar, o chefe da OMS exortou os ministros da saúde do G-20 a trocar os calendários de entrega de curto prazo com a COVAX, cumprindo as promessas de compartilhamento de dose e compartilhando tecnologia, know-how e propriedade intelectual para apoiar a fabricação regional de vacinas.

Ele também solicitou que apóiem ​​o desenvolvimento e a adoção de um acordo internacional juridicamente vinculativo sobre preparação e resposta à pandemia e que fortaleçam a OMS por meio de iniciativas que “fortalecem, e não enfraquecem, seu mandato”.

Novas doses

Os Estados-membros da União Africana vão receber mais 10 milhões de doses de vacina Covid-19 próximos três meses através de uma nova parceria com o governo da Franca.

Os produtos fabricados pelas farmacêuticas AstraZeneca e Pfizer serão alocados e distribuídos pela iniciativa de aquisição de vacinas Avat e pela parceria global Covax, liderada pela OMS.

A Avat foi instituída como um mecanismo de aquisição conjunta para os membros da União Africana. O objetivo é permitir a compra de vacinas suficientes para pelo mens metade das necessidades nacionais. Em parceria com o mecanismo Covax, a meta é procura fornecer outros 50% através de donativos.

Conteúdo adaptado do material publicado originalmente em inglês pela ONU News 

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