ONU: Conselho de Segurança debate cooperação com entidades regionais

Relação entre a ONU e entidades ao redor do mundo abrange temas como diplomacia, contraterrorismo e manutenção de paz

Este conteúdo foi publicado originalmente no portal ONU News, da Organização das Nações Unidas

O Conselho de Segurança organizou, nesta segunda (19), um debate de alto nível sobre cooperação entre as Nações Unidas e entidades regionais e sub-regionais para prevenir e resolver conflitos. Discursaram no evento o secretário-geral da ONU, António Guterres, seu predecessor Ban Ki-moon e outros convidados. 

Guterres contou que este tipo de cooperação “cresceu exponencialmente desde 1945”, ano de fundação da ONU. Hoje, abrange diplomacia, mediação, contraterrorismo, manutenção da paz, promoção dos direitos humanos, combate à mudança climática, entre outros temas. 

Segundo o secretário-geral, o investimento nas parcerias com entidades tem resultado “em engajamentos mais eficazes antes, durante e depois das crises, com resultados operacionais concretos.” 

ONU: Conselho de Segurança debate cooperação com entidades regionais
Missão da ONU no Darfur, Unamid, organiza sessão sobre Agenda de Mulheres e Segurança (Foto: Unamid/Albert Gonzalez Farran)

Exemplos 

O chefe da ONU deu vários exemplos, como a Bósnia e Herzegovina, onde a ONU está trabalhando com a União Europeia, a Osce (Organização para a Segurança e Cooperação na Europa) e o Conselho da Europa.  

No Sudão, as Nações Unidas apoiaram a União Africana e a Etiópia nas negociações para criar um governo de transição. Em Darfur, deu apoio técnico, consultivo e logístico às negociações para o Acordo de Paz de Juba, assinado em outubro de 2020.  

Em Mali, em setembro do ano passado, a ONU trabalhou com parceiros para apoiar o governo de transição e, na Líbia, está cooperando com a União Africana, a Liga dos Estados Árabes e a União Europeia para apoiar o processo de diálogo e transição. Na Bolívia, Guterres disse que a estreita colaboração entre instituições ajudou a criar uma solução pacífica para a crise após as eleições gerais de 2019. 

Para o secretário-geral, “estes exemplos mostram que a capacidade de trabalhar em conjunto e desenvolver complementaridades permite apoiar mais eficazmente os Estados-membros na gestão de transições políticas complexas e na procura de soluções sustentáveis ​​para os desafios políticos.” 

Mianmar 

O chefe da ONU também destacou o papel da Associação das Nações do Sudeste Asiático, Asean. “[Sua atuação] é mais crucial do que nunca”, disse, devido à crise urgente em Mianmar.  

Guterres lembrou seus apelos à comunidade internacional para trabalhar, coletivamente e por meio de canais bilaterais, para ajudar a pôr fim à violência e à repressão por parte dos militares. 

Ele também pediu que os atores e entidades regionais usem “sua influência para evitar maior deterioração e, em última instância, encontrar uma saída pacífica desta catástrofe.” 

A enviada especial do secretário-geral, Christine Schraner Burgener, está atualmente na região e pronta para retomar o diálogo com os militares e outros atores.  

Negociação 

O ex-secretário-geral também destacou essa crise. “As Nações Unidas e seus parceiros regionais têm uma janela curta para cooperar por meio de ações firmes para deter as atrocidades em curso em Mianmar e prevenir uma nova escalada de violência”, disse Ban Ki-moon.

Ban citou grupos de monitoramento de direitos. As organizações apontam que mais de 700 pessoas, incluindo 50 crianças, foram mortas pelas forças de segurança desde a tomada militar de Mianmar em 1º de fevereiro. 

Para o ex-chefe da ONU, o agravamento da situação representa “um momento crucial para mostrar a utilidade da cooperação entre a ONU e seus parceiros regionais”.  

Ban Ki-moon fez recentemente um pedido às autoridades de Mianmar para visitar o país, para se reunir com todas as partes e tentar ajudar. Ele contou que, infelizmente, seu pedido não foi aceite. 

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