‘Anonymous’ hackeia sites governamentais no Irã em protesto contra morte de jovem

Mahsa Amini entrou em coma e morreu na semana passada, horas depois que a polícia moral a prendeu por supostamente quebrar as regras do hijab

Vários sites da mídia estatal e do governo do Irã ficaram fora do ar na quarta-feira (21) após uma conta no Twitter vinculada ao grupo hacktivista Anonymous reivindicar ciberataques em apoio aos protestos populares contra a morte da jovem curda Mahsa Amini, presa por não cumprir regras de vestuário para as mulheres. As informações são da agência catari Al Jazeera.

Os alvos centrais do coletivo hacker foram dois dos principais sites do governo iraniano. Entre eles o site de “serviços inteligentes”, onde os usuários têm acesso a uma série de facilidades online. O outro funciona como um veículo de mídia estatal, trazendo notícias do governo.

“Todo o banco de dados foi excluído”, afirmou o tuíte da conta suspostamente afiliada ao Anonymous. O governo iraniano ainda não comentou oficialmente os ataques.

Mahsa Amini, jovem morta no Irã (Foto: reprodução/Twitter)

Mahsa, de 22 anos, morreu em Teerã na última sexta-feira (16) após ter sofrido um derrame e vários ataques cardíacos enquanto estava sob custódia da chamada “polícia da moralidade” do Irã, que há anos tem como missão proteger a “moral” da República Islâmica.

O motivo da detenção, que ocorreu do lado de fora de uma estação de metrô em Teerã na semana passada, teria sido o uso incorreto do hijab, já que o cabelo da vítima não estava completamente coberto, segundo veículos de imprensa iranianos. Testemunhas relatam que Mahsa foi agredida pelos policiais.

As autoridades iranianas rechaçaram as alegações de maus-tratos ou agressões a Mahsa. A justificativa dada foi a de que a jovem sofria de comorbidades que contribuíram para sua morte. A família da jovem contesta as explicações oficiais.

Há protestos ocorrendo em todo o país por conta da morte de Mahsa. A polícia tem utilizado gás lacrimogêneo como forma de dispersar os protestos, que têm sido eventualmente violentos. Dezenas de prisões já foram feitas.

Em uma das manifestações mais marcantes, iranianas removeram seus lenços de cabeça enquanto gritavam “morte ao ditador”.

Pelo menos três pessoas perderam a vida nas manifestações até agora, segundo relatou o governo do Curdistão. As autoridades tratam as mortes como “suspeitas” e dizem ser uma tentativa de grupos “antirrevolucionários de atiçar as chamas da agitação em todo o país”.

Ainda na quarta, um vídeo com imagens de protestos em várias cidades iranianas circulou na internet, sendo alegadamente de autoria do grupo hacker. “Esta foi a gota d’água”, disse a voz alterada no vídeo. “O povo iraniano não está sozinho”.

Outros vídeos que circulam no país mostram mulheres cortando o cabelo em protesto contra as leis iranianas sobre o uso do véu.

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