Assassinato de líder do Hamas amplia oposição a Israel e envolve até importante membro da Otan

Estado judeu não assumiu a autoria da ação, chamada por Moscou de 'assassinato político' e contestada também pela Turquia

Um ataque aéreo em Teerã, capital do Irã, matou nesta quarta-feira (31) Ismail Haniyeh, principal rosto do Hamas. Israel não assumiu a autoria da ação, mas tinha o líder político do grupo radical em sua lista de alvos desde os ataques que sofreu em 7 de outubro. Enquanto os aliados do Estado judeu se manifestaram discretamente, os opositores foram bastante vocais, liderados por Rússia e Turquia.

“É óbvio que os organizadores deste assassinato político estavam conscientes das consequências perigosas que esta ação teria para toda a região”, disse o Ministério das Relações Exteriores russo no Telegram, deixando claras as suspeitas que deposita sobre Israel.

A diplomacia de Moscou disse, ainda, que “o assassinato de Ismail Haniyeh terá um impacto extremamente negativo no curso dos contatos indiretos entre Hamas e Israel” e que as negociações de paz em curso, conduzidas do lado palestino justamente pelo líder político do Hamas, são “mutuamente aceitáveis”.

Ismail Haniyeh, líder político do Hamas, em Moscou, março de 2020 (Foto: Kremlin/WikiCommons)

Haniyeh não foi o idealizador dos ataques do Hamas contra Israel, papel que coube a Yahya Sinwar, que comanda o grupo a partir de Gaza. Porém, o chefe político, segundo destaca a agência Associated Press (AP), exaltou as ações de outubro como um golpe humilhante contra o aparentemente invencível inimigo. Foi, desde então, marcado como um alvo preferencial do governo israelense, que tem um histórico de missões semelhantes bem-sucedidas.

Quem não usou meias palavras para culpar Israel foi o Irã, que recebia o líder do Hamas em sua capital para a posse do novo presidente, Masoud Pezeshkian. “Ao fazer isso, o regime sionista criminoso e terrorista criou um pretexto para punição severa. Acreditamos ser nosso dever vingar o sangue de um homem que foi martirizado no território da República Islâmica do Irã”, disse o líder supremo Ali Khamenei, conforme relatou a agência estatal russa Tass.

Se o Estado judeu manteve o silêncio, os EUA trataram de se declarar inocentes. “Em primeiro lugar, é algo de que não estávamos cientes nem envolvidos”, disse o secretário de Estado Antony Blinken em entrevista exclusiva à rede CNA, da Indonésia. E acrescentou que “é muito difícil especular” quanto aos efeitos da morte de Haniyeh.

Ao lado de Rússia e Irã, quem também condenou o assassinato do líder político do Hamas foi a Turquia, que tem o segundo maior exército da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) e já havia se posicionado fortemente contra as ações de Israel em Gaza.

Segundo a agência estatal turca Anadolu, o presidente Recep Tayyip Erdogan conversou por telefone com a mulher e os filhos de Haniyeh, expressando sua “profunda tristeza” pela morte e classificando o assassinato como “traiçoeiro”.

Como Teerã, Ancara igualmente culpou diretamente Israel. “Este assassinato é um ato desprezível que visa minar a causa palestina, a gloriosa resistência de Gaza e a justa luta de nossos irmãos palestinos, com a intenção de desmoralizá-los e intimidá-los”, declarou Erdogan, de acordo com a rede TRT World. “A barbárie sionista mais uma vez não conseguirá atingir seus objetivos, como no passado.”

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