Australiano, britânico e norte-americano estão entre vítimas de ataque aéreo em Gaza

Um esquema para garantir a segurança de agentes humanitários no enclave foi coordenado, mas Israel o teria desrespeitado

Um ataque aéreo supostamente realizado por Israel matou sete agentes humanitários a serviço da ONG World Central Kitchen (da sigla WCK, ou Cozinha Central Mundial, em tradução literal) em Gaza. A entidade, que confirmou as mortes nesta terça-feira (2), disse que cidadãos de países ocidentais que apoiam os esforços de guerra israelenses estão entre as vítimas. As informações são da rede Deutsche Welle (DW).

O ataque foi confirmado tanto pela ONG espanhola quanto pelo gabinete de comunicação do Hamas. As vítimas seriam cidadãos de Austrália, Polônia e Reino Unido, além de um palestino e uma pessoa com dupla nacionalidade, canadense e norte-americana.

“A World Central Kitchen está arrasada ao confirmar que sete membros de nossa equipe foram mortos em um ataque das IDF (Forças de Defesa de Israel, da sigla em inglês) em Gaza”, disse a entidade em comunicado publicado em seu site. “Isto é uma tragédia. Os trabalhadores humanitários e os civis NUNCA devem ser um alvo”, acrescentou a ONG através da rede social X, antigo Twitter.

A entidade afirmou que um esquema para garantir a segurança de seus agentes foi coordenado com as IDF, mas teria sido desrespeitado. Um comboio que havia acabado de transportar cem toneladas de ajuda alimentar destinada aos palestinos foi atingido após deixar um armazém em Deir al-Balah, no centro da Faixa de Gaza.

“Este não é apenas um ataque contra a WCK, é um ataque a organizações humanitárias que aparecem nas situações mais terríveis em que os alimentos são usados ​​como arma de guerra. Isso é imperdoável”, disse Erin Gore, CEO da ONG.

World Central Kitchen fornece alimentos à população de Gaza durante o conflito (Foto: x.com/WCKitchen)

O governo de Israel se manifestou após o ataque e disse estar conduzindo “uma revisão completa nos mais altos níveis” para apurar o ocorrido. “As IDF fazem grandes esforços para permitir a entrega segura de ajuda humanitária e têm trabalhado em estreita colaboração com a WCK nos seus esforços vitais para fornecer alimentos e ajuda humanitária ao povo de Gaza”, disseram os militares israelenses.

O ataque levou também à abertura de uma investigação por parte do governo australiano, que se manifestou através do primeiro-ministro Anthony Albanese. “Estou muito preocupado com a perda de vidas que está ocorrendo em Gaza”, disse ele. “Meu governo apoiou um cessar-fogo sustentável com apelos à libertação de reféns, e houve muitas vidas inocentes de palestinos e israelenses perdidas durante o conflito em Gaza com o Hamas.”

A Austrália alega que não fornece armas a Israel desde o início da guerra em Gaza, enquanto o Canadá suspendeu todas as exportações no final de março, segundo a agência Al Jazeera. Os EUA foram responsáveis por 68% de todo o armamento recebido pelo país entre 2013 e 2022, e o Reino Unido entregou o equivalente a 474 milhões de libras esterlinas (R$ 3 bilhões) em armas desde 2015.

Após as mortes, a WCK optou por suspender imediatamente suas operações na região. O Chipre também anunciou que navios com cerca de 240 toneladas de alimentos que seriam entregues em Gaza optaram por não ancorar, segundo a agência Associated Press (AP).

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