Confronto no campo de Al-Hol, na Síria, deixa três pessoas mortas

Al-Hol abriga cerca de 55 mil pessoas, sendo mais de 80% mulheres e crianças. Muitos são familiares de jihadistas

Um confronto entre integrantes do Estado Islâmico (EI) e da guerrilha YPG (Unidade de Proteção do Povo), no campo de Al-Hol, na Síria, matou ao menos três pessoas, entre elas uma criança, na terça-feira (29). As informações são do site Middle East Monitor.

A YPG é considerada pelos turcos a facção síria do PKK (Partido dos Trabalhadores Curdos), que luta pela autonomia curda na Turquia há três décadas e tem bases também no Iraque. Já Al-Hol é um campo de refugiados que abriga cerca de 55 mil pessoas, muitas delas familiares de jihadistas que não conseguem retornar a seus países de origem.

Autoridades locais afirmam que membros da YPG foram enviados ao campo, que fica na província de Hasakah. Quando tentavam entrar em Al-Hol, os guerrilheiros se engajaram em uma troca de tiros com supostos integrantes do EI. Muitas tendas foram destruídas, e os invasores tomaram alguns familiares dos extremistas como reféns.

Crianças esperam mantimentos em Al-Hol, nordeste da Síria, abril de 2020 (Foto: Unicef/Deil Souleiman)

Por que isso importa?

Al-Hol é o maior campo de refugiados e deslocados internos na Síria, com cerca de 55 mil pessoas, sendo mais de 80% mulheres e crianças. Quase dez mil dos detidos são familiares de combatentes estrangeiros do EI que viajaram à Síria para se juntar à jihad. Eles foram colocados no campo após o grupo extremista ser derrotado em 2019 pelas FDS (Forças Democráticas Sírias), uma milícia curda apoiada pelos EUA.

Agora, essas pessoas são rejeitadas inclusive por seus países de origem, pois se radicalizaram a longo dos anos e representariam uma ameaça à segurança. No campo, familiares de jihadistas são mantidos em um complexo separado e vigiado, após relatos de surtos de violência entre eles e outras pessoas dentro da instalação.

Com condições precárias de higiene e saúde, os moradores de Al-Hol vivem à sombra da violência e da insegurança. São comuns as ações de grupos armados que tentam invadir o campo com o objetivo de libertar pessoas detidas. Somente no ano passado, mais de 90 pessoas foram mortas em Al-Hol.  

“Milhares de pessoas estão expostas a violência, exploração, abuso e privação em condições que podem constituir tortura, conforme o direito internacional”, disse no início de 2021 um grupo de especialistas em direitos humanos da ONU (Organização das Nações Unidas), citando que ao menos 57 países têm cidadãos detidos nos campos da Síria, sobretudo Al-Hol e Al-Roj.

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