Mais de metade da população do Afeganistão, o que equivale a cerca de 22,8 milhões de pessoas, enfrentará fome aguda a partir de novembro. Os dados constam do relatório Classificação de Fase Integrada da Segurança Alimentar, divulgado nesta segunda-feira (25) pela ONU (Organização das Nações Unidas) e pelo PMA (Programa Mundial de Alimentos).
O levantamento é lançado num momento em que o frio já começa no país, que já sofre com uma série de questões determinantes para a situação de fome: seca, conflitos, pandemia de Covid-19 e crise econômica.
Para piorar, o inverno no Afeganistão é rigoroso, e as temperaturas muito baixas impedem o acesso a várias regiões nos meses de frio extremo, dificultando a chegada de assistência humanitária a várias famílias.
O relatório destaca que mais de um entre dois afegãos estará enfrentando níveis críticos ou emergenciais de insegurança alimentar aguda entre novembro deste ano e março de 2022. Por isso, serão necessárias intervenções humanitárias de urgência para que a população receba alimentação básica e para prevenir uma “catástrofe humanitária”.
O diretor-geral da ONU para Agricultura e Alimentação (FAO), Qu Dongyu, declarou ser urgente “agir com eficiência para acelerar a entrega de ajuda, antes que o Inverno corte uma grande área do país, com milhões de pessoas, incluindo agricultores, mulheres, crianças e idosos, passando fome num inverno gelado”. Ele encara a questão como sendo de vida ou morte e afirma que é “inaceitável esperar para ver acontecer um desastre humanitário”.
Por sua vez, o diretor executivo do PMA, David Beasley, destacou que o Afeganistão já tem uma das piores crises humanitárias do mundo, com o colapso da segurança alimentar. Desde o último levantamento feito em abril, houve alta de 37% no total de afegãos enfrentando fome aguda, incluindo 3,2 milhões de crianças com menos de cinco anos de idade que têm risco de sofrer de desnutrição até o fim deste ano.
Áreas urbanas
Pela primeira vez, residentes de áreas urbanas estão enfrentando insegurança alimentar em níveis iguais aos das comunidades de áreas rurais. Com o alto índice de desemprego e a crise na liquidez, todos os grandes centros urbanos do Afeganistão vão enfrentar nível alto de insegurança alimentar, inclusive a classe média.
O impacto severo das secas nas áreas rurais tem afetado os meios de subsistência de 7,3 milhões de pessoas que dependem da agricultura e da criação de gado para sobreviver.
O PMA precisa de US$ 220 milhões por mês para fornecer assistência alimentar e nutricional aos civis. Já a FAO precisa de US$ 11,4 milhões para continuar ajudando os agricultores nos próximos meses.
Conteúdo adaptado do material publicado originalmente pela ONU News