Fontes em Washington desmentem Israel e dizem que o Irã não está perto de ter uma arma nuclear

Avaliação da inteligência americana indica que Teerã levaria até três anos para fabricar e lançar uma bomba de destruição em massa

Ao justificar os recentes ataques contra o Irã, que deram início a uma guerra entre os dois países, Israel justificou que o objetivo é impedir a nação árabe de produzir uma arma nuclear, avaliando que isso estaria muito próximo de acontecer. Entretanto, relatórios recentes da inteligência dos EUA, citados pela rede CNN, indicam o contrário: Teerã sequer estaria empenhado na fabricação de um dispositivo de destruição em massa.

Segundo quatro fontes com acesso a relatórios confidenciais, os serviços de inteligência americanos estimam que o Irã levaria até três anos para conseguir fabricar e entregar uma ogiva nuclear. E, ainda que os bombardeios tenham danificado a instalação de Natanz, importante centro de enriquecimento de urânio, o impacto prático teria sido limitado, com um atraso de apenas alguns meses no programa nuclear iraniano.

O Fattah, míssil hipersônico do Irã (Foto: IRNA/divulgação)

Um fator destacado por analistas é o de que Fordow, instalação subterrânea fortemente protegida e crucial para o enriquecimento de urânio, permanece intacta. Eles apontam que Israel não dispõe de capacidade militar para destruir o local sem armamento específico fornecido pelos Estados Unidos.

“Israel pode pairar sobre essas instalações nucleares, torná-las inoperantes. Mas, se você realmente quiser desmantelá-las, é preciso um ataque militar dos EUA ou um acordo”, declarou Brett McGurk, ex-diplomata americano para o Oriente Médio nas administrações Trump e Biden e analista da CNN.

A avaliação da comunidade de inteligência civil diverge não apenas da feita por Israel. O Comando Central (Centcom) das Forças Armadas dos EUA igualmente entende que o Irã poderia acelerar a obtenção de uma arma nuclear caso realmente o quisesse, algo que justificaria os ataques.

Diante de tal cenário, o governo Trump, segundo fontes, está dividido entre os assessores mais cautelosos e os aliados republicanos com postura mais agressiva em relação ao Irã. O presidente americano afirmou no domingo (15) que os EUA não participam das ofensivas israelenses, mas não descartou envolvimento futuro.

Por precaução, Washington parece se preparar para um cenário extremo. Na segunda-feira (16), Trump autorizou o envio imediato do grupo de ataque do porta-aviões USS Nimitz para o Oriente Médio. Além disso, navios norte-americanos com capacidade de defesa contra mísseis balísticos devem reforçar a presença na região nos próximos dias.

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