Inundações no Afeganistão representam uma ameaça urgente e persistente para crianças

Fundo da ONU para Infância pede mais investimento na preparação para desastres e na resiliência climática no país

Conteúdo adaptado de material publicado originalmente pela ONU News

Dezenas de milhares de crianças no Afeganistão continuam sendo afetadas pelas inundações repentinas, especialmente nas províncias de Baghlan e Badakhshan, no norte, e na província de Ghor, no oeste. 

As enchentes mais recentes causaram a morte de quase 350 pessoas, incluindo pelo menos uma dúzia de crianças. Mais de 7,8 mil casas foram danificadas ou destruídas e mais de cinco mil famílias foram deslocadas.

Resposta humanitária

O Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) transportou água potável, distribuiu kits de higiene e mobilizou promotores para educar as comunidades sobre lavagem das mãos e armazenamento de água potável após o desastre. 

Além disso, a agência mobilizou equipes móveis de saúde e nutrição para tratar os feridos e doentes e trouxe roupas quentes, cobertores, utensílios domésticos e equipamentos de cozinha para as famílias que perderam seus pertences. 

Impacto das inundações que atingiram o Afeganistão em maio de 2024 (Foto: Osman Khayyam/Unicef)

O Unicef também forneceu assistência imediata em dinheiro por meio de seu mecanismo de resposta rápida para ajudar as famílias a se recuperarem e suprirem suas necessidades básicas. 

Crise climática

O recente clima extremo no Afeganistão tem todas as características da intensificação da crise climática, sendo que algumas das áreas afetadas sofreram com a seca no ano passado. 

Os relatórios sugerem que os eventos climáticos extremos no país estão aumentando em frequência e ferocidade, resultando na perda de vidas e meios de subsistência e em danos significativos à infraestrutura.

Para o representante do Unicef no Afeganistão, Tajudeen Oyewale, a comunidade internacional deve redobrar os esforços e investimentos para apoiar as comunidades a aliviar e se adaptar ao impacto das mudanças climáticas sobre as crianças. 

Ele adiciona que a agência e a comunidade humanitária devem se preparar para uma nova realidade de desastres relacionados ao clima. O número e a gravidade crescentes de eventos climáticos extremos exigirão intervenções humanitárias ainda mais rápidas e em larga escala. 

Em sua avaliação, isso só será possível com medidas de preparação reforçadas, como o pré-posicionamento de suprimentos de emergência e coordenação com os parceiros.

Afeganistão em risco

Tajudeen Oyewale afirma que o Unicef deve se concentrar simultaneamente na construção da resiliência das comunidades para se adaptarem aos choques climáticos e ambientais, a fim de reduzir sua dependência da ajuda humanitária.

O Afeganistão ocupa a 15ª posição entre 163 nações no Índice de Risco Climático para Crianças de 2021 do Unicef. Os choques e estresses climáticos e ambientais são predominantes em todo o país e as crianças afegãs são particularmente vulneráveis a seus efeitos em comparação com outras partes do mundo. 

Embora os menores do Afeganistão sejam particularmente vulneráveis aos efeitos da mudança climática, o país está entre os menos responsáveis pela criação do problema. Em contraste, as dez nações que mais emitem CO2 são responsáveis, em conjunto, por quase 70% das emissões globais.

“Chuvas fortes não devem significar um desastre imediato para as crianças do Afeganistão”, disse Oyewale. 

O representante afirma que é importante priorizar as necessidades específicas das crianças na tomada de decisões e atender a essas necessidades agora para proteger as crianças de futuros desastres. Ao mesmo tempo, ele pediu investimento nos serviços básicos dos quais elas dependem. 

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