O Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica (IRGC, na sigla em inglês), do Irã, afirmou que reagirá com uma “resposta devastadora e decisiva” caso Israel lance qualquer ataque contra instalações nucleares iranianas. O alerta, transmitido por canais estatais, veio à tona após informações da inteligência dos EUA sugerirem que uma ofensiva estaria sendo preparada, segundo relato da revista Newsweek.
A escalada verbal ocorreu em meio às negociações nucleares entre Irã e Estados Unidos. O ponto central do impasse é o enriquecimento de urânio em território iraniano: Teerã defende o direito à prática, enquanto Washington exige sua suspensão total, por considerar que o processo pode abrir caminho para a construção de armas nucleares.


Em resposta às ameaças, a IRGC declarou que os inimigos estão “cometendo um erro de cálculo”, por subestimarem a capacidade de resposta militar e o apoio popular do país em cenários de guerra. Irã e Israel já trocaram disparos diretos em dois episódios recentes, em abril e outubro do ano passado.
O ministro das Relações Exteriores iraniano, Abbas Araghchi, reforçou que não há possibilidade de acordo se as exigências atuais se mantiverem. “Zero armas nucleares = temos um acordo. Zero enriquecimento = não temos um acordo”, disse ele em publicação na rede X.
Os EUA, por sua vez, também endurecem a posição. “Temos uma linha vermelha muito, muito clara, e ela é o enriquecimento. Não podemos permitir nem mesmo 1% de capacidade de enriquecimento”, afirmou o enviado norte-americano Steve Witkoff.
Além da questão técnica, há forte carga ideológica nas posições. O clérigo linha-dura Ahmad Khatami rejeitou qualquer diálogo direto com os Estados Unidos, afirmando que isso violaria os princípios do país. “Negociações diretas com Washington são incompatíveis com a honra, a racionalidade e a inteligência. Trump se apresenta como um louco para que as nações o temam”. Ele também afirmou que o Irã segue preceitos religiosos contrários à fabricação de armas atômicas: “Recebemos nossas ordens do Islã, não da América”.
A Casa Branca também se pronunciou: “Como o presidente me disse, e disse a todos vocês, esse acordo com o Irã pode terminar de duas formas. Pode acabar em uma solução diplomática muito positiva ou em uma situação muito negativa para o Irã”, afirmou a porta-voz Karoline Leavitt.