Israel usa unidades secretas para prender e matar cidadãos palestinos, dizem ONGs

Agentes operam disfarçados de árabes e perseguem civis, incluindo menores, ao alegar crimes nunca comprovados

As forças contraterrorismo de Israel Musta’ribeen, conhecidas pela alta brutalidade, estariam operando com unidades secretas contra civis palestinos. A denúncia é de grupos de direitos humanos de Gaza à agência catari Al-Jazeera.

Os agentes, membros das forças de segurança de Tel Aviv, operam disfarçados de árabes em suas vestes, língua e costumes enquanto matam civis ao alegar crimes nunca comprovados.

“Os soldados vêm a Ramallah quase todas as noites depois das 2h para realizar prisões”, relatou Shawan Jabareen, líder da organização de direitos humanos Al-Haq. Segundo ele, os oficiais matam quem estiver circulando pelas ruas e impedem o acesso de ambulâncias aos feridos graves.

Israel mantém 'unidades secretas' para prender e matar cidadãos palestinos
Jovens trafegam pelas ruas de Gaza, janeiro de 2020 (Foto: Divulgação/Cathoic Church England and Wales)

Na maioria, os mortos são jovens acusados pelos oficiais de “ataques armados contra soldados e colonos israelenses“. “Cerca de 95% das mortes eram desnecessárias”, disse Jabareen. Pelo menos 28 palestinos foram mortos apenas na Cisjordânia pelas forças de segurança israelenses em maio.

Também há relatos de agentes à paisana que retiram pessoas das ruas, incluindo menores. “Isso faz com que as prisões pareçam sequestros”, apontou o Comitê Público contra a Tortura em Israel (Pcati).

Impunidade

As unidades secretas ainda estão envolvidas na campanha de detenção de palestinos realizada no norte de Israel. A operação vem na esteira dos protestos contra a violência das forças de Tel Aviv em Jerusalém Oriental para expulsar os palestinos de suas casas.

Centenas de palestinos estão detidos desde os protestos, reportou a emissora turca TRT. Ainda assim, em relatório lançado no início de maio, o grupo de direitos humanos B’Tselem aponta que nenhum dos agentes israelenses responsáveis pelas prisões e mortes de palestinos enfrentou acusações.

A amostra reúne 739 casos de soldados de Tel Aviv que mataram, feriram, danificaram propriedade ou usaram palestinos como escudo humanos desde o início da segunda Intifada, em 2000, até 2015.

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