Israel realizou uma série de ataques aéreos na Faixa de Gaza na madrugada desta terça-feira (18), matando mais de 300 pessoas, inclusive mulheres e crianças, segundo autoridades locais. A ofensiva rompeu um cessar-fogo que estava em vigor desde janeiro e reacendeu o conflito que já dura 17 meses.
O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu sob a alegação de que o Hamas não respeita as condições da trégua, recusando-se a libertar reféns e a negociar novos termos para o pacto. O governo israelense declarou que a operação é de caráter indefinido e pode ser ampliada nos próximos dias. A Casa Branca informou que foi consultada antes da ofensiva e manifestou apoio às ações israelenses.
As Forças de Defesa de Israel (IDF) emitiram ordens de evacuação para regiões do leste de Gaza, incluindo Beit Hanoun e outras localidades ao sul, o que pode indicar uma nova incursão terrestre, de acordo com a agência Associated Press (AP). “Israel agirá com força militar crescente contra o Hamas”, afirmou o gabinete de Netanyahu em um comunicado.

A retomada dos bombardeios ocorre durante o mês sagrado do Ramadã e levanta dúvidas sobre o destino dos cerca de 24 reféns israelenses que ainda estariam vivos sob cativeiro do Hamas. Um alto funcionário do grupo militante declarou que a decisão de Netanyahu representa uma “sentença de morte” para os reféns e acusou o premiê de agir para fortalecer sua coalizão governista.
Entre os mortos nos ataques estão quatro altos oficiais do Hamas, segundo o grupo. No entanto, não houve retaliação imediata, sugerindo que a organização ainda busca restaurar a trégua.
“Hoje à noite, voltamos a lutar em Gaza devido à recusa do Hamas em libertar os reféns e às ameaças de ferir os soldados da IDF e as comunidades israelenses”, disse o Ministro da Defesa, Israel Katz. “Se o Hamas não libertar todos os reféns, os portões do inferno se abrirão em Gaza, e os assassinos e estupradores do Hamas enfrentarão a IDF com forças que nunca conheceram antes.”
Catástrofe humanitária
A situação humanitária na Faixa de Gaza, que já era crítica, pode se agravar ainda mais com a retomada do conflito. O hospital europeu de Rafah recebeu os corpos de 17 membros de uma mesma família, incluindo cinco crianças, seus pais e outros parentes, de acordo com a AP. Em Khan Younis, ambulâncias transportavam feridos para o Hospital Nasser, onde pacientes eram atendidos no chão devido à superlotação.
As novas operações israelenses geraram reação indignada do secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), António Guterres, que se disse “chocado”, de acordo com o jornal The Times os Israel.
Apesar dos apelos internacionais por uma solução negociada, Israel e Hamas seguem distantes de um novo acordo. A trégua anterior permitiu a libertação de 25 reféns israelenses e a devolução de oito corpos, em troca da libertação de cerca de dois mil prisioneiros palestinos. O impasse atual gira em torno das condições para a liberação dos 59 reféns restantes, 35 dos quais são dados como mortos.
Os EUA adotaram o mesmo discurso duro de Israel ao justificarem e aprovarem o ataque, conforme relato da agência Reuters. “Como o presidente Trump deixou claro – Hamas, os Houthis, o Irã, todos aqueles que buscam aterrorizar não apenas Israel, mas também os Estados Unidos da América, verão um preço a pagar. O inferno vai se soltar”, disse um porta-voz da Casa Branca à rede Fox News.