Militares israelenses receberam ordens para disparar contra grupos que buscam ajuda humanitária, diz jornal

Mais de 500 palestinos morreram perto de centros de distribuição de alimentos desde maio, de acordo com autoridades locais

As Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) iniciaram uma investigação sobre possíveis crimes de guerra cometidos por suas tropas na Faixa de Gaza, após denúncias de que soldados dispararam deliberadamente contra civis palestinos próximos a locais de distribuição de alimentos. As informações são do jornal israelense Haaretz, que diz ter ouvido relatos de militares e outras fontes oficiais.

Segundo o jornal, militares ouvidos sob condição de anonimato relataram que receberam ordens para atirar contra multidões com o objetivo de afastá-las das áreas de distribuição. Eles também apontaram o uso de força letal desnecessária contra civis que não apresentavam ameaça. Os casos ocorreram nas últimas semanas, em meio a um colapso humanitário agravado pela ofensiva militar israelense em Gaza.

Soldados das Forças de Defesa de israel avançam sobre os escombros de uma Gaza devastada pela guerra (Foto: WikiCommons)

Em resposta à agência Reuters, as IDF negam ter instruído soldados a atirarem intencionalmente em civis. No entanto, confirmam que estão revisando as ações de suas tropas em áreas de entrega de ajuda. “Qualquer alegação de desvio da lei ou das diretrizes das Forças de Defesa de Israel será examinada minuciosamente, e outras ações serão tomadas conforme necessário”, declarou um porta-voz militar.

Desde o final de maio, mais de 500 palestinos morreram nas proximidades de centros de distribuição operados pela Fundação Humanitária de Gaza (GHF), apoiada pelos EUA, ou em rotas previstas para caminhões da ONU (Organização das Nações Unidas), de acordo com o Ministério da Saúde de Gaza. Apenas na sexta-feira (27), médicos relataram a morte de seis pessoas por disparos enquanto tentavam obter comida no sul do território.

Diante das acusações, a unidade das IDF responsável por apurar possíveis violações do direito internacional foi encarregada de analisar os incidentes próximos às áreas de ajuda humanitária. Por sua vez, a GHF afirmou que “não tem conhecimento de nenhum desses incidentes, mas essas alegações são graves demais para serem ignoradas”. E pediu ao governo israelense que conduza uma investigação com transparência e divulgue os resultados “de forma oportuna”.

A escassez extrema de alimentos e itens básicos afeta a população de Gaza desde o início da ofensiva militar de Israel contra o Hamas, em outubro de 2023. Segundo o Ministério da Saúde local, mais de 56 mil palestinos já morreram desde o início do conflito, a maioria civis. Apenas nas últimas 24 horas, 72 pessoas morreram e mais de 170 ficaram feridas em ataques israelenses, informou a pasta.

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