Nova força de segurança saudita prende mais de 50 por ‘atos imorais’, inclusive estrangeiros

Unidade ordenada pelo príncipe Mohammed bin Salman intensifica fiscalização sobre prostituição e mendicância no país

A Arábia Saudita prendeu mais de 50 pessoas por crimes relacionados a prostituição, mendicância e outras infrações consideradas “atos imorais”, após a criação de uma nova unidade de segurança ordenada pelo príncipe herdeiro Mohammed bin Salman. O Ministério do Interior anunciou que a força policial foi estabelecida para combater crimes de “segurança comunitária e tráfico humano”, reforçando medidas de controle social no reino. As informações são do jornal Financial Times.

Entre os detidos, 11 mulheres foram presas sob acusações de prostituição, marcando a primeira vez em mais de uma década que as autoridades sauditas reconhecem publicamente a existência da prática. Além disso, estrangeiros foram capturados em operações contra “atos imorais” em casas de massagem e por explorar mulheres e crianças na mendicância nas ruas.

O príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman, em cúpula na Organização Mundial do Turismo, fevereiro de 2019 (Foto: Divulgação/World Tourism Organization)

A criação da unidade provocou comparações com a extinta Comissão para a Promoção da Virtude e Prevenção do Vício, que atuava como polícia religiosa na Arábia Saudita. A força era conhecida por impor algumas das leis mais rígidas do mundo em relação à segregação de gênero e normas morais, mas perdeu grande parte de seus poderes em 2016, quando Mohammed bin Salman implementou reformas sociais e econômicas para modernizar o país.

A repressão ocorre em meio a um cenário de rápidas mudanças na sociedade saudita, impulsionadas pela abertura econômica e o aumento da presença de estrangeiros no país. O colunista Khalid al-Sulaiman, do jornal semi-oficial Okaz, afirmou que a unidade foi criada em resposta a um “aumento notável” de violações relacionadas à moralidade e ao sexo, incluindo anúncios dessas atividades em redes sociais. “Nosso país tem uma identidade religiosa e social especial como berço do Islã, e ninguém deve distorcer a imagem da sociedade saudita”, escreveu.

Diante do crescente escrutínio internacional e da preparação para eventos globais, como a Copa do Mundo de 2034, o governo saudita tem buscado equilibrar suas reformas com medidas que reforcem a moralidade pública. “Reprimir o tráfico humano é algo positivo”, disse Bandar, um saudita de 36 anos que preferiu não divulgar o sobrenome. “Que eles limpem o país.”

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