Palestino é torturado e morto por membros do Hamas após protestar em Gaza

Família afirma que jovem foi sequestrado por combatentes e agredido até a morte por criticar publicamente o grupo radical

A morte brutal de Uday Rabie, de 22 anos, gerou comoção na Faixa de Gaza e reacendeu o alerta para a repressão contra vozes críticas ao Hamas no território. O jovem foi sequestrado por combatentes do braço armado do grupo, as Brigadas Al-Qassam, após participar de um raro protesto contra a liderança local, segundo relatos de sua família à rede CNN.

O sequestro aconteceu na última sexta-feira (29), no bairro de Tal al-Hawa, em Gaza, dias depois de Rabie se juntar a manifestações que reuniram milhares de palestinos em protesto contra o Hamas e a guerra em curso. Durante o ato, realizado no bairro de al-Rimal, ele entoou palavras de ordem como “Não ao Hamas”, conforme contou seu irmão, Hassan Rabie.

Apoiador do Hamas em ato contra Israel em São Paulo, janeiro de 2009 (Foto: Tarciso/Flickr)

Pouco antes de ser levado, Rabie já havia relatado temer represálias. Um vídeo gravado cerca de uma semana antes mostrava o jovem dizendo o Hamas “quer me pegar, quer me matar”. Segundo Hassan, o irmão teve desentendimentos com membros do grupo um mês antes e passou a ser ameaçado.

Depois de horas de buscas, a família foi informada que ele estava nas mãos dos militantes. “Eles o levaram, o torturaram e depois me ligaram dizendo: venha buscar seu irmão”, disse Hassan. Rabie foi devolvido à família ainda vivo, apenas de roupa íntima, amarrado pelo pescoço com uma corda e coberto de hematomas. “Eles o arrastavam e batiam nele”, contou o irmão.

Imagens compartilhadas nas redes sociais mostram Rabie deitado em uma maca de hospital, com ferimentos profundos nos braços, costas e pés. Pouco depois de chegar ao hospital, ele morreu. Uma foto enviada à imprensa pela família revela seu rosto desfigurado, com partes do cabelo e uma das sobrancelhas raspadas. Em nota divulgada no Facebook, os parentes acusam diretamente as Brigadas Al-Qassam e exigem justiça: “Foi torturado da maneira mais severa, com todo tipo de objetos cortantes e duros.”

A Comissão Independente para Direitos Humanos, criada pela liderança palestina nos anos 1990, classificou o assassinato como reflexo do “caos de segurança, proliferação de armas e ausência do Estado de direito em Gaza”, alertando para o risco crescente à liberdade de expressão no enclave.

Tags: