Plano de paz de Trump para Gaza emperra: ninguém quer enviar tropas e cessar-fogo segue por um fio

Escalada entre Israel e Hamas expõe a fragilidade do acordo e trava a criação da força internacional prevista no plano americano

A nova fase do plano de paz proposto por Donald Trump para Gaza enfrenta impasses. A escalada dos confrontos entre Israel e o Hamas, marcada por uma série de ataques aéreos israelenses em 28 de outubro, que deixou mais de cem mortos, expôs a fragilidade do cessar-fogo firmado há menos de três semanas. As informações são da The Economist.

Israel lançou os bombardeios após um confronto perto de Rafah, no qual um soldado foi morto. O governo israelense culpa o Hamas por violar o cessar-fogo, enquanto o grupo islâmico nega envolvimento e afirma respeitar o acordo. No dia seguinte, Israel anunciou o restabelecimento da trégua, sob pressão dos Estados Unidos, que criaram um “Centro de Coordenação Civil-Militar” em território israelense para monitorar o cumprimento do pacto.

Palestinos retornam ao norte de Gaza após deslocamento forçado, 29 de janeiro de 2025 (Foto: WikiCommons)

Segundo o plano de 20 pontos apresentado por Trump em 29 de setembro, Israel deveria se retirar gradualmente da Faixa de Gaza à medida que uma Força Internacional de Estabilização (FIE) fosse criada para supervisionar o desarmamento do Hamas e um governo tecnocrático palestino assumisse a gestão civil. No entanto, nenhuma nação aceitou, até o momento, enviar tropas.

Israel e Egito ainda disputam os nomes dos possíveis tecnocratas “independentes”, enquanto países como Turquia, Azerbaijão e Indonésia são citados como potenciais colaboradores da força internacional. Ancara demonstrou interesse, mas foi vetada por Israel devido ao apoio histórico ao Hamas. Já o Azerbaijão e a Indonésia – ambos de maioria muçulmana, mas críticos ao islamismo político – têm mantido conversas com Washington e Jerusalém, embora temam a repercussão interna de uma cooperação direta com Israel.

Um general israelense reconheceu que a expectativa é modesta: “O melhor que podemos esperar da FIE é que monitore o cessar-fogo de forma eficiente. O desarmamento do Hamas dependerá das pressões internas palestinas”.

Enquanto a trégua resiste, Gaza continua devastada. Israel acredita que o Hamas só abrirá mão de parte de seu armamento em troca de um amplo programa de reconstrução. Para o governo israelense, a estabilidade da região depende da criação de uma força palestina, apoiada internacionalmente, capaz de conduzir o processo de desarmamento e reconstrução. Caso contrário, segundo o mesmo general, “Israel terá que intervir novamente e fazer tudo sozinho”.

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