Possível conflito Israel x Irã ganha força com ameaças crescentes e movimentação militar

Encomenda de combustível para mísseis, ataques por milícias e manobras militares elevam tensão entre os dois países

Sinais de um possível confronto direto entre Israel e Irã se acumulam rapidamente em meio a ameaças públicas, movimentações militares e embates por meio de milícias aliadas. Nos bastidores da diplomacia estagnada e com crescentes fricções em campo, ambos os lados parecem se preparar para um desfecho armado. As informações são da revista Newsweek.

Um dos indícios mais alarmantes vem do Irã, que teria solicitado à China milhares de toneladas de perclorato de amônio, composto essencial para a fabricação de mísseis balísticos de combustível sólido. A carga, segundo o The Wall Street Journal, pode ser suficiente para até 800 mísseis e estaria prevista para entrega nos próximos meses. Parte desse material pode ser repassada a milícias aliadas de Teerã, como os Houthis, no Iêmen.

Em resposta, Israel já simula ataques diretos ao Irã. As Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) realizaram recentemente exercícios militares que reproduzem uma ofensiva prolongada contra instalações nucleares iranianas. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu reiterou a posição de que “qualquer acordo deve impedir o Irã de enriquecer urânio”.

Israel e Irã: tensão crescente (Foto: imagem gerada por IA)

Apesar de o presidente dos EUA, Donald Trump, ter advertido Netanyahu de que um ataque agora seria “inapropriado”, o norte-americano também declarou que as partes estão “muito próximas de uma solução” e deixou em aberto o apoio a uma eventual ofensiva caso as negociações fracassem.

As tensões também se acirraram por meio de aliados regionais. Na última quarta-feira (4), Israel realizou ataques aéreos na Síria, após projéteis serem disparados a partir do território sírio. Foi o primeiro bombardeio israelense na região em quase um mês.

O governo israelense culpou o presidente interino da Síria, Ahmed al-Sharaa, mas Damasco negou envolvimento e relatou perdas significativas. Fontes ouvidas pela Reuters apontam a ação de milícias ligadas ao Irã na região de Quneitra como provocadoras da retaliação israelense. No mesmo período, os Houthis lançaram um míssil balístico contra Jaffa em apoio aos palestinos.

No plano interno, Netanyahu enfrenta dificuldades políticas e tem usado a ameaça iraniana como ferramenta de mobilização. “O Irã está muitos, muitos passos atrás”, declarou o premiê israelense, alegando que este seria o momento ideal para agir, antes que Teerã retome fôlego. A retórica de segurança nacional tem sido uma das estratégias do líder para conter divisões internas e manter apoio entre seus eleitores.

O isolamento diplomático de Israel após a guerra em Gaza também agrava o cenário. Países árabes que antes mantinham laços com o estado judeu recuaram: a Jordânia chamou de volta seu embaixador, a Turquia cortou relações diplomáticas e as negociações com a Arábia Saudita foram suspensas. Enquanto isso, o Irã estreita parcerias com China e Rússia, assumindo o papel de contraponto estratégico na região.

A escalada nos discursos e nas ações sugere que as próximas semanas serão decisivas. Com as manobras militares em curso e os dois lados reafirmando suas linhas vermelhas, cresce o risco de que um ataque unilateral de Israel precipite um conflito mais amplo. “Estamos preparados”, alertou Netanyahu, reforçando que qualquer avanço nuclear por parte do Irã será respondido à altura.

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