Professores iranianos enfrentam prisão e demissão por protestos pacíficos

Pelo menos 45 professores foram presos, demitidos ou condenados por atividades sindicais pacíficas. Saiba como a repressão afeta a educação

As autoridades iranianas aumentaram drasticamente a repressão contra professores e membros de sindicatos de educadores. Desde junho de 2025, pelo menos 45 professores foram interrogados, presos ou condenados por atividades sindicais pacíficas, de acordo com o Centro de Direitos Humanos no Irã (CHRI, da sigla em inglês).

Os professores têm sido alvos do Estado por exigir salários dignos, condições de trabalho melhores, educação gratuita para todas as crianças e a libertação de colegas detidos. A perseguição também inclui processos judiciais e demissões arbitrárias, especialmente em províncias como Kerman, Curdistão, Gilan, Azerbaijão Ocidental, Isfahan e Teerã.

(Foto: CHRI/Divulgação)
Repressão severa em áreas curdas

A pressão contra os professores é mais intensa em áreas de população curda, após o movimento nacional Mulher, Vida, Liberdade de 2022. Segundo o CHRI, dezenas de processos ainda tramitam nos tribunais, e muitos educadores enfrentam acusações relacionadas apenas a atividades sindicais pacíficas.

“A perseguição aos professores reflete a intolerância do regime a qualquer dissidência pacífica, especialmente entre os curdos”, disse Esfandiar Aban, pesquisador sênior do CHRI.

Forças de segurança invadem reunião

Na terça-feira (16), 18 representantes do Conselho Coordenador das Associações Comerciais de Professores Iranianos foram detidos em Shahreza, Isfahan, e seus pertences foram confiscados. Entre eles, o ativista Masoud Farhikhteh permanece detido, mesmo após condenação anterior a mais de quatro anos de prisão por “propaganda contra o regime”.

Professores condenados a mais de oito anos

O Tribunal Revolucionário de Kerman condenou oito professores a um total de oito anos e seis meses de prisão, acusando-os de “insultar o Líder Supremo”, “propaganda contra o regime” e “pertencer a grupos de oposição”. Segundo o CHRI, as acusações foram baseadas em atividades sindicais pacíficas e conversas privadas em grupos de chat.

Repressão crescente no Curdistão

No Curdistão, 14 professores receberam punções disciplinares severas, incluindo demissões permanentes, exílio e aposentadorias forçadas. A repressão se intensificou após o movimento Mulher, Vida, Liberdade, atingindo mais de 70 educadores em Saqqez e Sanandaj.

Violação do direito internacional

A criminalização de atividades sindicais no Irã viola os Princípios Fundamentais da OIT, o Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos e o Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, que garantem direito à greve, protestos pacíficos e organização sindical independente.

“Regimes totalitários temem cidadãos informados, é por isso que nos reprimem”, disse Esmail Abdi, ativista iraniano pelos direitos dos professores.

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