Jenin, na Cisjordânia, conhecida como a “capital dos mártires” da Palestina, vive um período de ocupação intensa por soldados israelenses. Desde janeiro, 14 mil moradores foram expulsos de suas casas e o campo de Jenin foi isolado do restante da cidade por barreiras de terra. A operação militar, apelidada de “Muro de Ferro”, conseguiu neutralizar militantes palestinos, mas a presença militar permanece constante. As informações são do The Guardian.
Segundo moradores, o ambiente de medo e restrições diárias mudou radicalmente a vida na cidade. Hadi Dabaya, de 54 anos, carrega cicatrizes de confrontos passados, lembranças da Segunda Intifada, uma onda de protestos e confrontos armados entre palestinos e Israel, marcada por ataques, represálias militares e grande número de vítimas civis entre os anos de 2000 e 2005.
“Estamos cansados. Todos os combatentes se foram e só queremos viver nossas vidas em paz”, afirmou Dabaya, exemplificando o sentimento de uma população que teme pela segurança diante da força militar israelense.

A guerra em Gaza, que destruiu 88% da região nos últimos dois anos, serve de alerta para os palestinos na Cisjordânia. Muitos temem que Israel concentre suas operações em Jenin e outras áreas da Cisjordânia, transformando-as em novos campos de conflito. A aprovação de projetos de lei no Knesset que aplicariam a lei israelense à Cisjordânia ocupada, embora suspensa, reforça esse temor.
Em bairros como Jabria, a vida cotidiana está profundamente afetada. Casas são revistadas, estradas destruídas e vilas de luxo desertas. Hiba Jarar, moradora do bairro, conta que soldados agora invadem casas sozinhos, um sinal de que a resistência organizada foi quase totalmente neutralizada.
Vídeos que circulam nas redes sociais mostram jovens palestinos sendo forçados a marchar com mãos nas costas, enquanto prisões em massa e detenções administrativas sem julgamento se tornam práticas recorrentes. Mustafa Sheta, gerente geral do Freedom Theatre em Jenin, passou 15 meses detido administrativamente e descreve humilhações constantes aos detentos.
Com a resistência armada enfraquecida, moradores buscam formas mais discretas de manter a presença palestina na região. “Precisamos reabrir a discussão sobre como podemos ser resilientes e permanecer em nossa terra natal”, disse Sheta.