Rússia veta renovação de resolução que permite ajuda humanitária à Síria

Aprovação precisava de unanimidade entre os membros permanentes, mas Moscou votou contra a resolução. A China se absteve

O Conselho de Segurança não conseguiu adotar a renovação do mandato da resolução 2585 que prevê a passagem de ajuda humanitária da Turquia para a Síria. Numa sessão na sexta-feira (8), quando a ONU (Organização das Nações Unidas) marca o feriado muçulmano Eid Al-Adha, os 15 representantes dos países-membros do Conselho se reuniram para deliberar sobre a proposta. 

O texto recebeu 13 votos a favor. A China se absteve e a Rússia vetou o documento, que por isso não pôde ser adotado.

Crianças esperam mantimentos no campo de Al-Hol, no nordeste da Síria, em abril de 2020 (Foto: Unicef/Deil Souleiman)

O cruzamento de Bab al-Hawa, na fronteira, é o único ponto por onde a ajuda humanitária pode atravessar e chegar aos sírios. Cerca de 2,4 milhões de pessoas dependem da ajuda no noroeste da Síria, numa área controlada pela oposição.

A resolução foi redigida por Irlanda e Noruega. Este mês, o Brasil preside os trabalhos do Conselho.

Um segundo projeto de resolução, apresentado pela Rússia, pedia a renovação por seis meses com a introdução de uma nova resolução em janeiro, mas o documento não teve o apoio suficiente para ser aceito.

Somente a Rússia e a China votaram a favor da proposta. Estados Unidos, Reino Unido e França se opuseram e os dez membros com assento rotativo no Conselho de Segurança se abstiveram.

Com o impasse, nenhum dos textos foi adiante. Para ser aprovado, um projeto de resolução precisa de nove votos a favor e nenhum veto dos cinco membros permanentes: China, Estados Unidos, França, Reino Unido e Rússia.

A adoção da resolução é necessária porque a atual autorização para a entrega de ajuda humanitária pelo cruzamento de Bab Al-Hawa termina neste domingo, 10 de julho. 

Em maio, a Comissão de Inquérito sobre a Síria alertou sobre a falta de acordo para a renovação do mandato de entrega de ajuda humanitária pelo Conselho de Segurança. Para o grupo, a falha na adoção seria um “fracasso de primeira ordem”.

Segundo a ONU, existem 14,6 milhões de sírios que estão precisando de ajuda humanitária no país. É o maior número já visto desde o início da guerra em 2011. Através do cruzamento, pelo menos 2,4 milhões de pessoas são assistidas por mês.

Conteúdo adaptado do material publicado originalmente pela ONU News

Tags: