Conteúdo adaptado de material publicado originalmente pela ONU News
As tensões continuaram a aumentar no Oriente Médio na segunda-feira (23), com relatos de centenas de ataques israelenses contra alvos do Hezbollah no sul do Líbano. Trabalhadores humanitários da ONU (Organização das Nações Unidas) também reportaram novos ataques em Gaza, inclusive em um campo de refugiados.
O desenvolvimento ocorre num momento em que a coordenadora especial da ONU no Líbano, Jeanine Hennis-Plasschaert, iniciou uma visita oficial a Israel para se reunir com altos funcionários do governo. Ela afirmou que “não há solução militar que torne qualquer um dos lados mais seguro”.
Escalada de violência na região
No Líbano, há relatos de que os militares israelenses enviaram mensagens telefônicas e por mídias sociais dizendo para que as pessoas ficassem longe de qualquer edifício ou vila ligada ao grupo militante Hezbollah.
O grupo armado teria lançado cerca de 150 projéteis contra o norte de Israel no fim de semana, o mais recente de uma série de ataques do Hezbollah que começaram logo após o início da guerra em Gaza e que já desalojaram cerca de 60 mil israelenses até o momento. No sul do Líbano, cerca de 30 mil pessoas foram desalojadas.
Em meio a repetidos apelos da comunidade internacional para a redução da escalada regional, o Conselho de Segurança se reuniu em sessão de emergência na última sexta-feira (20), após ataques israelenses mortais na capital libanesa, Beirute, e no sul do país.
A reunião ocorreu no final de uma semana de violência transfronteiriça entre o Hezbollah e as forças israelenses e após as explosões de dispositivos.
Chuva e crise humanitária
Na região central de Gaza, abrigos foram destruídos no ataque ao campo em torno de Nuseirat. De acordo com a Agência da ONU para Assistência aos Refugiados Palestinos (UNRWA) e relatos da mídia, também houve aumento na atividade militar israelense.
A agência da ONU também informou que as fortes chuvas e as marés mais altas sobrecarregaram os abrigos improvisados ao longo da costa, para onde os militares israelenses instruíram os residentes do enclave a se dirigirem, por meio de várias ordens de evacuação.
Desde os ataques terroristas liderados pelo Hamas contra vários alvos em Israel, em 7 de outubro, 1,9 milhão de habitantes de Gaza foram deslocados, ou 90% da população.
As autoridades locais pediram que as pessoas que estão em áreas baixas deixassem o local e procurassem terrenos mais altos, enquanto as equipes de ajuda da ONU e seus parceiros relataram que não tiveram acesso ou garantias de segurança que lhes permitissem trazer materiais de abrigo suficientes para ajudar todos os afetados pelas chuvas.
Além da guerra, a UNRWA alertou que as pessoas que se abrigam em espaços abertos em Gaza enfrentam riscos terríveis à saúde, pois não há rede de esgoto ou drenagem de águas pluviais.
A agência da ONU observou que répteis, roedores e insetos representam uma ameaça crescente de doenças e que suas equipes já começaram a pulverizar pesticidas e a remover o lixo para proteger as famílias contra doenças.
Corte de energia
No norte de Gaza, os trabalhadores humanitários da ONU disseram que a falta de água potável continua sendo uma preocupação crítica.
As instalações de água, saneamento e higiene que funcionam com geradores movidos a combustível transportado para o enclave tiveram que “reduzir drasticamente” suas horas de funcionamento para evitar o desligamento total, segundo o Escritório de Coordenação de Ajuda da ONU (Ocha).
Para ajudar a lidar com a emergência, o Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) está fornecendo 15 litros de água por pessoa, diariamente, para cerca de 900 mil pessoas, garantindo que parte de suas necessidades de água sejam atendidas por três meses.
Distribuição de água
Desde outubro, o Unicef forneceu água para mais de 1,7 milhão de pessoas em Khan Younis, Rafah e na região central de Gaza, distribuindo 4,75 milhões de litros de água engarrafada.
A agência da ONU também apoiou as autoridades locais com mais de 3,4 milhões de litros de combustível e mais de 40 metros cúbicos de produtos químicos para tratamento de água, que restauraram parcialmente a produção e a distribuição de água das usinas de dessalinização da água do mar.
Quatro usinas móveis de tratamento de água em Khan Younis e Rafah também receberam o apoio do Unicef, cada uma com capacidade para produzir cinco metros cúbicos de água por hora.
Os caminhões-tanque distribuem a água limpa para os palestinos deslocados perto de seus abrigos, pois é difícil obter combustível para os veículos e as crianças geralmente têm a tarefa de caminhar longas distâncias para coletar água para suas famílias.