O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, intensificou a pressão sobre Egito e Jordânia para que aceitem palestinos deslocados da Faixa de Gaza, sugerindo que o substancial apoio financeiro americano a esses países poderia ser usado como alavanca para concretizar seu plano. As informações são do jornal Financial Times.
Trump reafirmou sua proposta durante uma conversa com jornalistas a bordo do avião presidencial, declarando que tanto o presidente do Egito, Abdel Fattah al-Sisi, quanto o rei Abdullah II da Jordânia poderiam contribuir para “limpar” a área.
“Eu gostaria que ele aceitasse alguns. Nós os ajudamos muito, e tenho certeza de que ele nos ajudaria”, disse Trump, referindo-se a Sisi.

O Egito negou que uma conversa entre os dois líderes tenha ocorrido e rejeitou a ideia, assim como a Jordânia, afirmando que a proposta compromete as aspirações palestinas de estabelecer seu próprio estado.
“A solução para a questão palestina está na Palestina”, declarou o ministro das Relações Exteriores da Jordânia, Ayman Safadi, enfatizando que “a Jordânia é para os jordanianos e a Palestina é para os palestinos”.
Analistas apontam que Trump está usando sua conhecida estratégia de negociação agressiva, mas a proposta enfrenta obstáculos significativos.
O Egito, que recebe anualmente US$ 1,3 bilhão em assistência militar americana desde 1978, vê o reassentamento de palestinos como uma ameaça à sua estabilidade interna. “Um grande influxo de palestinos poderia reacender a insurgência do Estado Islâmico no Sinai”, alertou Michael Wahid Hanna, do International Crisis Group.
A relação entre EUA e Egito tem como base décadas de assistência financeira que, ao longo dos anos, superaram os US$ 50 bilhões. Contudo, forçar o Egito a aceitar palestinos deslocados seria uma ruptura sem precedentes na parceria.
“Os EUA sempre evitaram pressionar o Egito dessa maneira porque sabiam dos riscos que isso traria para a segurança e estabilidade doméstica do país”, acrescentou Hanna.
Na Jordânia, a situação é igualmente delicada. O país já abriga mais de dois milhões de palestinos e enfrenta desafios econômicos agravados pelos altos custos de manter refugiados sírios. Como maior fornecedor de ajuda internacional à Jordânia, os EUA têm fornecido US$ 31 bilhões em assistência bilateral desde 1949, com um novo acordo prevendo US$ 1,45 bilhão anuais até 2029.
Diplomatas em Amã expressaram preocupação com as intenções de Trump, destacando que qualquer redução no apoio financeiro ou imposição de tarifas poderia gerar consequências econômicas graves.
“Dado o estado atual da economia jordaniana, qualquer movimento teria um impacto maior do que se imagina”, avaliou um diplomata.