Um vídeo registrado por câmeras de segurança, que circulou nas redes sociais e foi divulgado nesta quarta-feira (10) pela agência Associated Press (AP), mostra o que seriam soldados de Israel atirando contra palestinos desarmados na Cisjordânia. Um jovem de 17 anos, identificado como Osaid Rimawi, morreu.
As imagens mostram um grupo de palestinos reunidos quando um deles, Nader Rimawi, é atingido por um disparo. Dois irmãos da vítima, primeiro Mohammed, depois Osaid, retornam para ajudar e são igualmente baleados.
Inilah zionis nazi, zionis mengeksekusi seorang pemuda teridenfikasi bernama Usaid Rimawi, dan melepaskan tembakan kepada 2 orang pria lain yang mencoba menolongnya, peristiwa terjadi saat serangan tentara penjajah di Beit Rima, Ramallah Tepi Barat.#FreePalestine pic.twitter.com/SZkmCX28FB
— Aliff_qu🌺 (@AlnilamOmar) January 5, 2024
A AP entrevistou Nader e Mohammed, que apontaram militares israelenses como os autores dos disparos. O episódio ocorreu na aldeia de Beit Rima, na semana passada, como desdobramento do conflito iniciado em 7 de outubro após o ataque do grupo rebelde Hamas a Israel.
As imagens foram feitas pela câmera de uma tabacaria. Segundo as Forças de Defesa de Israel (IDF), um dos palestinos, que no começo do vídeo aparece agachado no canto superior direito do vídeo, estava acionando um coquetel molotov quando teria sido baleado. Entretanto, nenhum tiro o atinge.
Segundo Nader, o homem agachado estava na verdade acendendo uma pilha de caixas de papelão para manter o grupo aquecido. A AP diz ter analisado vídeos publicados nas redes sociais que parecem sustentar a versão da testemunha.

O governo de Israel confirmou ter realizado uma operação de “combate ao terrorismo” em Beit Rima entre a noite da última quinta-feira (4) e a manhã de sexta (5). Admitiu, inclusive, ter atirado contra cidadãos palestinos, mas alegou que eles teriam jogado explosivos contra os soldados, algo que as imagens não mostram.
Mohammed reforça a alegação de que não houve qualquer agressão aos soldados. Diz ainda que, até onde tomou conhecimento, não houve nenhum outro incidente entre palestinos e israelense na aldeia entre os dias citados.
No vídeo, Nader é o primeiro a ser atingido, com um tiro na perna. Na sequência, o irmão Mohammed volta para ajudá-lo e também é baleado. O terceiro disparo acerta Osaid, que mais tarde morreu em razão dos ferimentos. “Vimos um atirador que começou a disparar. Ele atirou nele. Fui ajudá-lo, então ele atirou em mim”, relatou.
No final do vídeo surge um veículo blindado com soldados israelenses, que descem para verificar os feridos. Eles ignoram o material posicionado no chão, que segundo os palestinos era a pilha de caixas de papelão. E vão embora sem prender nenhum dos homens, deixando os baleados no local.
De acordo com o grupo de direitos humanos israelense B’Tselem, embora casos assim sejam frequentes, é raro que algum militar seja condenado. “Os militares vão dizer que estão abrindo uma investigação. E esta investigação durará anos, provavelmente sem qualquer cobertura midiática. E então escoará pelo ralo.”
As IDF, por sua vez, alegaram que “cada processo de investigação é examinado de acordo com as suas circunstâncias. Nos casos apropriados, são tomadas diversas medidas, incluindo a apresentação de acusações.”