Os ataques de terrorismo de extrema direita cresceram 250% desde 2014, elevando esse tipo de ocorrência ao seu maior nível nos últimos 50 anos, de acordo com a edição deste ano do Índice Global de Terrorismo, do Instituto para a Economia e a Paz.
Esse tipo de ameaça está mais concentrado nos países desenvolvidos e o número de mortes ainda é pequeno: 89 ao longo do ano de 2019.
Mas a alta acentuada indica que há forte possibilidade de crescimento do número de vidas ceifadas graças a atentados de grupos radicais da extrema direita. A crise do coronavírus, que impulsionará maior instabilidade em todo o mundo, também pode catalisar novos ataques.
Entre os principais motivos para essa escalada do terrorismo de extrema direita estariam as crises da última década, que têm diminuído o acesso dessas populações a um Estado de bem-estar social forte.
Nas nações ricas, um sistema sólido de auxílio à população foi um dos principais pilares de estabilidade nas últimas décadas. A consequência dessa mudança no Ocidente, iniciada nos estertores da crise de 2008, seria o aumento das manifestações violentas – que cresceram 277% desde 2019.
O descontentamento da população também abre espaço para que “as pessoas se tornem mais alienadas e suscetíveis à propaganda extremista“, na avaliação de Thomas Morgan, pesquisador sênior do Instituto.
Para o presidente executivo da entidade, Steve Killelea, o combate a essa ameaça – que ganhará espaço na próxima década – passa por limitar e qualificar a cobertura da imprensa, de forma a desestimular atentados semelhantes e diminuir o poder de influência de ideologias radicalizadas.
Além de uma menor atenção da mídia, também será preciso limitar o acesso desses grupos a financiamento. Nessas condições, é mais fácil diminuir o número de simpatizantes de ideias extremistas de todos os matizes ideológicos.
Boa notícia
Os melhores resultados vem do Oriente Médio: o número de mortes causadas por atentados terroristas foi o menor desde 2003. No Sahel, no entanto, a situação é oposta. A ameaça dos grupos vinculados ao EI (Estado Islâmico) será um dos maiores problemas da nova década.
Na África subsaariana, considerada pela pesquisa o novo epicentro do terrorismo do EI em 2019, os ataques cresceram 67%. O sul da Ásia também tem sido cada vez mais afetado pelo terrorismo, também por grupos extremistas muçulmanos associados ao EI e à Al-Qaeda.
Os países mais afetados no mundo em 2019 são Afeganistão, Iraque, Nigéria, Síria, Somália, Iêmen, Paquistão, Índia, República Democrática do Congo e Filipinas – juntos, foram palco de 80% dos ataques.
No total, 63 países foram alvo de terroristas, que deixaram 13.826 mortos – a queda no cômputo global foi de 15%. Na comparação com 2014, a notícia é melhor: o número de assassinados caiu 59% nos últimos seis anos.
Em valores monetários, o terrorismo gerou um impacto de US$ 26,4 bilhões, diminuição de 25%. No total, considerando as mais diversas formas de violência, guerra e conflitos de menor porte, o prejuízo foi de US$ 14,5 trilhões em 2019 – pouco menos que a produção total dos EUA no mesmo período, de US$ 21,43 trilhões.