Os Jogos Olímpicos Paris 2024, que acontecerão na capital francesa entre 26 de julho e 11 de agosto deste ano, enfrentam múltiplas ameaças de segurança, como ações de hackers, ataques terroristas e operações de grupos alinhados com governos estrangeiros. O alerta foi feito pela empresa de segurança cibernética Recorded Future, que publicou nesta semana um relatório sobre a questão.
“Os Jogos Olímpicos Paris 2024 enfrentam inúmeras ameaças devido à sua natureza de grande visibilidade e importância internacional”, afirma o documento. “Estão em vigor medidas de segurança abrangentes para combater as ameaças terroristas, mas o evento continua a ser um alvo potencial para extremistas violentos e grupos criminosos oportunistas.”
Em alta ultimamente, as ações cibernéticas maliciosas estão entre os desafios das autoridades da França com vistas ao grande evento esportivo, que reunirá mais de dez mil atletas de cerca de 200 países. O relatório alerta sobretudo para o risco de ataques do tipo ransomware, no qual os hackers invadem sistemas e sequestram os dados, que só são liberados novamente em troca de dinheiro.

Outro risco são ataques phishing, nos quais os cibercriminosos enviam mensagens falsas que, quando abertas, fornecem aos invasores acesso ao sistema usado pelo destinatário. Aqui, os alvos citados pela Recorded Future seriam empresas e participantes dos Jogos, sendo necessário que os organizadores “priorizem a correção de vulnerabilidades de alto risco.”
Alguns hackers que merecem atenção são ligados a governos estrangeiros, com destaque para o Irã e a Rússia. Entre eles, hacktivistas que podem aproveitar o alcance do evento esportivo para difundir mensagens de propaganda estatal, contestando por exemplo o apoio do governo da França a Israel e Ucrânia nas guerras em andamento atualmente.
Durante os Jogos, também tende a aumentar a ação de agências estrangeiras de inteligência em solo francês. “Atores estatais podem usar iscas com temas olímpicos para coletar informações, e operações de influência de Rússia, Irã e Azerbaijão provavelmente amplificarão narrativas críticas à França, à Otan e a Israel”, diz o relatório.
Entretanto, nenhuma ameaça merece maior atenção que a do terrorismo islâmico, que já tem na França um alvo preferencial. “Os apoiadores do Estado Islâmico (EI) e da Al-Qaeda na Europa pretendem quase certamente atacar os Jogos Olímpicos com ações terroristas”, afirma o estudo.
O alerta já havia sido feito pelo pesquisador Colin P. Clarke, em artigo publicado pelo think tank Foreign Policy Research Institute em dezembro de 2023. Segundo ele, o evento esportivo é “um alvo altamente visível e simbólico para terroristas, incluindo aqueles que procuram dominar tecnologias emergentes como drones e armas impressas em 3D, para conduzir ataques.”
As autoridades, porém, estão em alerta máximo para a ameaça terrorista, uma prioridade de segurança em qualquer grande evento. E, de acordo com o relatório da Recorded Future, espera-se que as “medidas de segurança extensivas mitiguem a probabilidade e o impacto de ataques bem-sucedidos ou protestos violentos.”
Alerta de segurança máximo
As autoridades francesas têm sido eficientes no enfrentamento à ameaça extremista islâmica. Na última sexta-feira (31), um jovem de 18 anos foi preso acusados de planejar um ataque nas partidas de futebol dos Jogos em nome do EI, segundo a agência Associated Press (AP). Uma semana antes, outro indivíduo foi detido acusado de planejar um ataque ao revezamento da tocha olímpica.
A França está em alerta de segurança máximo com vistas aos Jogos, sendo a cerimônia de abertura um momento de particular interesse para os extremistas. Mais de cem líderes mundiais estarão presentes à festa, que desta vez acontecerá nas ruas de Paris, às margens do rio Sena, e não dentro de um estádio, como é habitual.
A preocupação com segurança inclusive levou o presidente Emmanuel Macron a admitir, em julho, a possibilidade de eventualmente levar a cerimônia para um estádio. Por ora, no entanto, a ideia de realizá-la em espaço aberto está mantida.
A principal medida confirmada até aqui foi a redução do público autorizado a participar da festa, que caiu de 600 mil para 320 mil, de acordo com a Agência Brasil. Somente convidados terão acesso à cerimônia de abertura, sendo cerca de cem mil com ingressos pagos e outros 220 mil com ingressos gratuitos.