Conteúdo adaptado de material publicado originalmente em inglês pela ONU News
Trinta meses após a invasão em larga escala da Ucrânia pela Rússia, o sofrimento humano continua a piorar em meio a relatos alarmantes de ataques a civis e infraestrutura civil, incluindo instalações nucleares, disse uma alta autoridade de assuntos políticos da ONU ao Conselho de Segurança na quarta-feira (28).
Miroslav Jenča, secretário-geral adjunto do Departamento de Assuntos Políticos e de Consolidação da Paz da ONU, disse que o mês passado foi particularmente mortal para os civis ucranianos, com pelo menos 219 mortos e mais de mil feridos.
Desde 24 de fevereiro de 2022, a data da invasão em larga escala da Rússia, o Escritório do Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH) documentou 11.662 mortes de civis e 24.207 feridos. O número real pode ser maior.
“Tragicamente, esses números só aumentam, à medida que mísseis, granadas e drones continuam a atingir cidades, vilas e aldeias em toda a Ucrânia diariamente”, disse Jenča.
Lutando em solo russo
Ele também expressou preocupação com o impacto da disseminação dos combates sobre os civis nas regiões de Kursk, Belgorod e Bryansk, na Rússia.

Desde o início da incursão da Ucrânia na região de Kursk em 6 de agosto, pelo menos 12 pessoas foram mortas e outras 121 ficaram feridas, de acordo com autoridades russas locais. Mais de 130 mil pessoas foram supostamente evacuadas da região.
Jenča reiterou a condenação do secretário-geral da ONU, António Guterres, aos ataques contra civis e infraestrutura, onde quer que ocorram.
“Esses ataques são proibidos pelo direito humanitário internacional. Eles devem terminar imediatamente. Instamos todos os lados a agirem de forma responsável e garantirem a proteção dos civis”, disse ele.
Preocupações com a segurança nuclear
O alto funcionário da ONU expressou ainda preocupação com os incidentes relatados em instalações nucleares na Ucrânia e na Rússia, em particular a deterioração da situação da segurança nuclear na Usina Nuclear de Zaporizhzhya, na Ucrânia.
Em 17 de agosto, um ataque de drone atingiu a estrada ao redor do perímetro do local da usina. Este incidente ocorreu após um incêndio significativo em uma das torres de resfriamento em 11 de agosto, que resultou em danos consideráveis.
Jenča acrescentou que também estão aumentando as preocupações com a segurança nuclear na região de Kursk, na Rússia. Em 22 de agosto, a Rússia informou à Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) que restos de um drone foram encontrados no território da Usina Nuclear de Kursk.
“Continuamos a apelar à máxima contenção e vigilância para evitar um incidente nuclear, cujas consequências poderão ser catastróficas para a região e para o mundo”, instou.
Situação humanitária
Jenča também destacou o severo impacto da crise humanitária, particularmente sobre as mulheres, que representam 56% dos 15 milhões de pessoas que precisam de assistência na Ucrânia.
“Nas áreas da linha de frente, particularmente no leste e sul da Ucrânia, vilas e cidades inteiras foram parcial ou completamente devastadas”, disse ele, acrescentando que “as operações humanitárias em algumas áreas não têm acesso às pessoas necessitadas.”
Neste ano, a ONU e os parceiros humanitários pretendem levar assistência vital a 8,5 milhões de pessoas, inclusive durante o inverno. No entanto, a resposta continua limitada, com apenas 41% dos US$ 3,1 bilhões necessários pelo Plano de Resposta e Necessidades Humanitárias recebidos até agora.