União Europeia pressiona aliados da Ucrânia para que flexibilizem o uso de armas contra a Rússia

Chefe da diplomacia do bloco pede a suspensão das restrições, que impedem Kiev de atacar áreas onde Moscou posiciona sua artilharia

Nesta quinta-feira (29), Josep Borrell, o principal diplomata da União Europeia (UE), intensificou a pressão sobre os apoiadores internacionais da Ucrânia, pedindo que removam as restrições sobre o uso das armas fornecidas ao país, permitindo assim que suas Forças Armadas ataquem alvos dentro da Rússia. As informações são da Associated Press.

Os EUA e alguns países da UE impõem restrições ao uso de mísseis e outras armas fornecidas à Ucrânia. Kiev quer atacar alvos na Rússia, como bases aéreas e instalações militares, que são usadas para atacar suas forças e civis.

Borrell, chefe de política externa da UE, afirmou que as restrições ao uso de armamento contra alvos militares russos devem ser suspensas, conforme o direito internacional, durante uma reunião dos ministros das Relações Exteriores do bloco europeu em Bruxelas sobre a invasão da Ucrânia pela Rússia.

O alto representante da União Europeia, Josep Borrell, em pronunciamento ao Parlamento Europeu em outubro de 2019 (Foto: European Union)

Borrell acrescentou que as restrições ao uso de armamento fornecido à Ucrânia devem ser removidas para que os ucranianos possam atacar os locais de bombardeio russos, caso contrário, o armamento “seria inútil”.

Ao lado do ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, Borrell condenou os ataques russos contra civis e infraestrutura civil, afirmando que a Rússia deseja bombardear um país europeu até que se renda completamente. A autoridade ucraniana acrescentou que, se Moscou vencer, os aliados da Ucrânia terão que se responsabilizar por isso.

Segundo Kuleba, o sucesso da Rússia depende da disposição dos parceiros em tomar decisões audaciosas. Se essas decisões forem tomadas, a Ucrânia terá sucesso; se não forem, a culpa não será da Ucrânia, mas dos próprios parceiros.

Ele ainda ressaltou que a Ucrânia pretende atacar apenas “alvos militares legítimos” na Rússia e que, com a quantidade suficiente de mísseis e a permissão para atacar, Kiev poderá reduzir significativamente a capacidade da Rússia de danificar sua infraestrutura crítica e melhorar a posição das suas forças no campo de batalha.

O ministro ainda pediu ao Ocidente que cumpra suas promessas de enviar apoio militar à Ucrânia sem demora e afirmou que os atrasos resultam em danos e perdas de vidas para Kiev, solicitando a entrega urgente dos sistemas de defesa aérea Patriot dos EUA.

Baixa capacidade ofensiva

O presidente francês Emmanuel Macron havia sinalizado a possibilidade de permitir que a Ucrânia atacasse bases militares dentro da Rússia usando armas ocidentais, segundo o site Politico. Kuleba afirmou que não duvida das boas intenções do presidente francês, mas ressaltou que, no momento, a Ucrânia ainda não tem a capacidade de atacar. Ele explicou que, quando a Ucrânia tiver mísseis suficientes e autorização para usá-los, a situação mudará, mas atualmente o país ainda está no estágio de negociações e discussões.

A reunião desta quinta-feira em Bruxelas ocorre enquanto o ministro da Defesa da Ucrânia, Rustem Umerov, e o conselheiro sênior do presidente Volodymyr Zelensky, Andriy Yermak, estão em Washington pedindo a suspensão das restrições ao uso de armas ocidentais.

O ministro das Relações Exteriores da Hungria, Péter Szijjártó, que adota uma postura pacifista em relação à Ucrânia e critica as políticas da UE e da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) sobre a guerra, disse que seus colegas europeus parecem estar em um estado de “psicose de guerra”.

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