Ucrânia diz ter usado sistema Patriot para derrubar míssil hipersônico da Rússia

Sistema de defesa cedido pelos EUA teria derrubado um míssil Kinzhal, que Moscou julgava ser invencível mesmo contra as armas ocidentais

As forças armadas da Ucrânia anunciaram no sábado (6) que derrubaram um míssil hipersônico russo Kinzhal (“punhal”, em russo) pela primeira vez, graças ao sistema de defesa aérea Patriot, enviado pelos Estados Unidos. No Pentágono, este é considerado um evento potencialmente importante para os rumos da campanha contra as forças do Kremlin. As informações são da agência Reuters.

O feito refuta as declarações públicas feitas em 2018 pelo presidente Vladimir Putin de que as armas hipersônicas russas são capazes de contornar qualquer sistema antiaéreo moderno. “Atualmente, a Federação Russa não possui um número significativo desses mísseis, e as sanções apenas dificultaram sua produção”, segundo a agência de notícias estatal ucraniana Ukrinform.

O Kh-47 Kinzhal foi abatido na noite de quinta-feira (4) sobre a região fora de Kiev, disse pelo Telegram o comandante da Força Aérea Ucraniana, Mykola Oleshchuk. 

“Parabenizo o povo ucraniano pelo evento histórico. Sim, abatemos o ‘incomparável’ Kinzhal“, comemorou a autoridade militar.

Treinamento com o sistema de defesa antiaérea Patriot nos EUA (Foto: Picryl/Divulgação)

A interceptação foi executada por militares ucranianos treinados nos EUA, na base de Fort Sill, no Estado de Oklahoma, onde a escola de artilharia treina militares há mais de um século, e ocorreu sem a presença de instrutores das forças norte-americanas no local, o que foi celebrado no Pentágono. Segundo uma fonte ouvida pela rede CNN, o Ministério da Defesa dos Estados Unidos vê isso como um “retorno significativo do investimento”.

“A capacidade [do Patriot] de parar mísseis hipersônicos disparados de aeronaves permaneceu puramente teórica até a semana passada”, observou a publicação. Agora, segundo a fonte, a interceptação de tal míssil pelos sistemas de defesa aérea ucranianos demonstrou na prática essa possibilidade.

A Rússia já admitiu o impacto que o armamento fornecido à Ucrânia por nações ocidentais tem na guerra em curso na Europa. Nos últimos meses, aliados do presidente Vladimir Putin manifestaram preocupação com o aumento do poder de fogo de Kiev, capaz de atingir alvos russos bem atrás da linha de frente.

O sistema Patriot, entregue no mês passado, faz parte de uma série de sofisticadas unidades de defesa aérea fornecidas pelos parceiros ocidentais para dar suporte à Ucrânia, que sofre com incessantes ataques aéreos que têm como alvo infraestrutura crítica, instalações elétricas e outros locais.

O ataque aéreo de quinta-feira ocorreu menos de um dia depois de dois drones realizarem uma frustrada tentativa de assassinar Putin no Kremlin entre a noite de terça-feira (2) e a manhã de quarta, pelo horário local. Sem apresentar provas, Moscou atribuiu o ataque à Ucrânia, que oficialmente negou envolvimento. Desde então, o episódio gerou uma troca de acusações entre os rivais em guerra, ofensas direcionadas ao líder ucraniano Volodymyr Zelensky e teorias da conspira que envolvem até Washington.

Moscou intensificou os ataques de drones e mísseis às regiões ucranianas na semana passada. Enquanto isso, Kiev se prepara para lançar uma contraofensiva contra as forças russas em regiões ocupadas no sul e no leste.

Tags: