Rússia já treina soldados norte-coreanos para ir à guerra, segundo inteligência ucraniana

Fontes do governo em Kiev dizem que até três mil homens cedidos por Pyongyang vão compor um batalhão para defender Kursk

Conforme ganham força as alegações de que a Coreia do Norte tem enviado soldados para reforçar as tropas da Rússia na guerra da Ucrânia, a inteligência militar de Kiev afirma que um batalhão composto por cerca de três militares norte-coreanos está sendo formado. E eles já teriam iniciado treinamento, segundo relato do jornal The Kyiv Post.

As fontes ucranianas afirmam que os soldados cedidos por Pyongyang vão integrar o Batalhão Especial Buryat, que faz parte da 11ª brigada de assalto aerotransportada separada das Forças Armadas da Rússia. Serão cerca de três mil combatentes norte-coreanos no destacamento, que vem recebendo armas leves e munição para os novos integrantes.

A informação é compatível com outra divulgada nesta semana pelo jornal The Washington Post, segundo o qual “vários milhares” de soldados disponibilizados pela Coreia do Norte já estariam recebendo treinamento dentro da Rússia e serão enviados ao campo de batalhas até o final deste ano.

Campanha de alistamento militar na Coreia do Norte, outubro de 2024 (Foto: KCNA/divulgação)

A expectativa é de que o batalhão composto pelos estrangeiros seja destacado para operações de alto risco e para defender o território russo nas proximidades de Kursk, região da Rússia que desde agosto é palco de uma bem-sucedida invasão por parte das tropas ucranianas.

Na semana passada, o ministro da Defesa da Coreia do Sul, Kim Yong-hyun, disse que é grande a probabilidade de que soldados norte-coreanos inclusive já morreram na Ucrânia. A alegação reforça um relato da mídia ucraniana de que seis oficiais de Pyongyang foram mortos em um ataque com mísseis ucranianos perto de Donetsk.

O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky igualmente afirmou que a Coreia do Norte já tem enviado soldados para apoiar as tropas da Rússia, como parte de um acordo de defesa mútua firmado em junho entre os presidentes Vladimir Putin e Kim Jong-un, durante a visita do líder russo ao país aliado.

Os soldados norte-coreanos ajudariam Moscou a compensar um pouco as elevadas perdas no campo de batalhas. Um balanço feito pela Ucrânia, que carece de verificação independente, aponta que mais de 672 mil combatentes russos foram mortos ou feridos na guerra até aqui. Já um levantamento feito pela rede BBC e o site Mediazona conseguiu identificar até agora 72.899 russos que perderam a vida no conflito.

As perdas levaram o Putin a assinar, em setembro, um decreto que estabelece a adição de 180 mil novos combatentes às Forças Armadas do país, elevando o efetivo para 1,5 milhão. A norma entra em vigor no dia 1º de dezembro e marca o terceiro aumento do efetivo militar russo desde a invasão da Ucrânia em 24 de fevereiro de 2022.

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