O co-líder do partido de extrema direita Alternativa para a Alemanha (AfD), Tino Chrupalla, declarou no domingo (15) que o país deve repensar sua permanência na Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) caso a aliança militar liderada pelos Estados Unidos não passe a levar em conta os interesses de todos os países europeus, incluindo a Rússia. As informações são da rede Voice of America (VOA).
“A Otan atualmente não é uma aliança de defesa. Uma comunidade de defesa deve aceitar e respeitar os interesses de todos os países europeus, incluindo os da Rússia”, afirmou Chrupalla. “Se a Otan não puder garantir isso, a Alemanha deve considerar até que ponto essa aliança ainda é útil para nós.”
AfD em ascensão nas pesquisas
As declarações ocorrem em meio ao crescimento da AfD nas intenções de voto, que giram em torno de 18% a 19%, superando os 16% a 17% do Partido Social-Democrata (SPD) do chanceler Olaf Scholz. A eleição antecipada, marcada para 23 de fevereiro, foi convocada após o colapso da coalizão liderada por Scholz no mês passado.

Apesar de sua crescente popularidade, a AfD enfrenta resistência de outras legendas, que rejeitam qualquer forma de cooperação com o partido de extrema direita. No entanto, a sigla pode reforçar sua trajetória de vitórias, como a histórica conquista em Thuringia, região no leste da Alemanha.
Posição contrária à ajuda militar à Ucrânia
O AfD tem sido um crítico fervoroso do apoio militar da Alemanha à Ucrânia e defende o fim rápido do conflito iniciado pela invasão em larga escala da Rússia em 2022. “O governo alemão precisa finalmente querer acabar com a guerra”, disse Chrupalla, acrescentando que “a Rússia venceu esta guerra” e que a realidade desmente aqueles que acreditam na vitória ucraniana.
Alice Weidel, colega de Chrupalla e candidata da AfD ao cargo de chanceler, também tem enfatizado o tema durante a campanha eleitoral, que deve ser marcada por debates sobre a guerra e a política externa.
Estratégia de Scholz e o impacto do conflito
Olaf Scholz, que tenta conter o avanço da AfD, promete continuar apoiando a Ucrânia, mas adota uma postura cautelosa. O chanceler busca atrair eleitores pacifistas, principalmente no leste do país, onde o sentimento contra a guerra é mais forte.
Scholz tem resistido a pressões para enviar mísseis de longo alcance a Kiev, temendo que isso intensifique o conflito e envolva diretamente a Alemanha. Recentemente, retomou contatos diretos com o presidente russo, Vladimir Putin, em uma tentativa de mediar o conflito.
As eleições ocorrerão na véspera do terceiro aniversário da invasão russa à Ucrânia, um marco que promete intensificar os debates sobre o futuro da política externa e militar alemã.