Durante a cúpula da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), nesta quarta-feira (25), o presidente dos EUA, Donald Trump, adotou um tom conciliador e reiterou apoio ao princípio de defesa coletiva da aliança militar. “Estamos com eles o tempo todo”, afirmou ele a jornalistas pouco antes do início oficial do encontro. A fala contrasta com declarações feitas na véspera, a bordo do avião presidencial, quando ele disse que o artigo 5º da carta da Otan tem “numerosas definições”, sugerindo um distanciamento do compromisso com seus aliados. As informações são da agência Reuters.
O comentário de Trump buscou acalmar aliados, especialmente europeus, preocupados com a possibilidade de os Estados Unidos se afastarem de compromissos centrais da aliança. O artigo 5º estabelece que um ataque contra um dos membros deve ser tratado como um ataque contra todos, sendo considerado a base da segurança coletiva da Otan desde sua fundação, em 1949. O presidente dos EUA, porém, vinha colocando em dúvida sue compromisso com a cláusula.

A presença de Trump moldou os bastidores do encontro. Para evitar atritos com o presidente e garantir uma cúpula sem confrontos públicos, o secretário-geral da Otan, Mark Rutte, desenhou um cronograma enxuto e com foco exclusivo no anúncio do novo plano de gastos militares. O formato também serviu para oferecer ao norte-americano um palco favorável, com declarações conjuntas e sem sessões polêmicas.
A ameaça russa
Durante a reunião, os países-membros aprovaram a nova meta de investimento em defesa, que prevê o uso de até 5% do PIB (produto interno bruto) ao longo da próxima década. Do total, 3,5% devem ser destinados a despesas militares diretas, como tropas e armamentos, e 1,5% a áreas ampliadas de segurança, como ciberdefesa e infraestrutura crítica. A proposta surgiu em resposta às exigências de Trump e à percepção crescente de ameaça da Rússia após a invasão da Ucrânia, em 2022.
Um líder europeu que destoou do tom dominante foi o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, aliado do líder russo Vladimir Putin. Numa tentativa de minimizar a ameaça, ele afirmou que “a Rússia não é forte o suficiente para representar uma ameaça real à Otan”, rompendo com o discurso da maioria dos membros, que citam Moscou como justificativa para o aumento dos gastos com defesa.
Outro sinal de desconforto foi a ausência do presidente ucraniano Volodymyr Zelensky da reunião principal. Ele participou apenas do jantar informal realizado na véspera, embora tenha sido confirmado um encontro separado entre ele e Trump, à margem da cúpula, como parte da agenda bilateral.