Governo aponta sabotagem como uma das possíveis causas de queda de avião da Air India

Autoridades ainda analisam dados da caixa-preta e avaliam falha técnica, erro humano e perda de potência como hipóteses

Menos de um mês após o desastre aéreo com o voo AI-171 da Air India, que caiu logo após decolar de Ahmedabad, na Índia, em 12 de junho, o governo confirmou que a possibilidade de sabotagem está entre as hipóteses consideradas. A aeronave, um Boeing 787-8 Dreamliner, levava 242 pessoas e apenas uma sobreviveu. O caso segue sob investigação pela principal agência de acidentes aeronáuticos do país, segundo o jornal Hindustan Times.

O acidente foi o primeiro envolvendo mortes nesse modelo de aeronave. O impacto foi tão severo que 241 pessoas a bordo e outras 19 no solo perderam a vida, segundo atualização do governo de Gujarat. “O número de mortos no acidente aéreo é de 260. Todos os corpos foram recuperados e identificados, com os restos mortais entregues às famílias”, declarou Dhananjay Dwivedi, secretário adicional de saúde do estado.

A análise dos dados das caixas-pretas, iniciada em 24 de junho, envolve técnicos indianos e norte-americanos, inclusive especialistas do Conselho Nacional de Segurança nos Transportes dos EUA (NTSB). Segundo o Ministério da Aviação Civil da Índia, a extração dos dados foi concluída no laboratório da AAIB (Agência de Investigação de Acidentes Aeronáuticos) em Delhi, após a recuperação bem-sucedida do módulo de memória.

Avião da Air India, imagem meramente ilustrativa de junho de 2019 (Foto: Anna Zvereva/WikiCommons)

Em evento realizado em Pune, o ministro de Estado da Aviação Civil, Murlidhar Mohol, afirmou que todos os cenários estão sendo considerados. “Está sendo investigado por todos os ângulos, inclusive uma possível sabotagem. As imagens estão sendo analisadas e várias agências estão trabalhando nisso”, declarou.

Especialistas também analisam falha técnica, erro humano e perda de potência. Um dos focos é a suspeita de que o piloto não tenha conseguido obter empuxo suficiente após a decolagem, como sugerido por um chamado de emergência feito instantes após o voo levantar. Fontes ouvidas pela Reuters indicam que as condições do trem de pouso, o ajuste dos flaps e os registros de manutenção também estão sob escrutínio. A hipótese de colisão com ave foi descartada.

A investigação reúne uma equipe multidisciplinar formada no dia 13 de junho, incluindo médicos especialistas em aviação, técnicos internacionais e um controlador de tráfego aéreo. A análise detalhada de áudios da cabine, vídeos do aeroporto e condições meteorológicas busca reconstituir, segundo a AAIB, cada segundo do trajeto até o momento da queda.

Companhia aérea ameaçada

Em 2023, o líder separatista sikh Gurpatwant Singh Pannun, exilado no Canadá, lançou um alerta explícito sobre possíveis ataques contra aeronaves da Air India, o que ajuda a explicar a desconfianças das atividades. Na ocasião, ele pediu por meio de suas redes sociais a membros da comunidade sikh que não embarcassem em voos da companhia

Classificado como terrorista pelo governo da Índia, Pannun também afirmou que o grupo pretendia renomear o principal terminal aéreo da capital indiana em homenagem a um líder separatista, substituindo a ex-primeira-ministra Indira Gandhi.

Conforme prosseguem as investigações, porém, não existem qualquer confirmação de relação entre as ameaças feitas por Pannun e a tragédia do dia 12 de junho.

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