Fábrica russa de explosivos comprou tecnologia da Siemens via China

Aquisição dribla sanções e reforça capacidade militar de Moscou na guerra contra a Ucrânia.

A Rússia utilizou um intermediário para obter equipamentos da Siemens, contornando sanções internacionais impostas após a invasão da Ucrânia, revelou uma investigação da Reuters. A fábrica de Biysk Oleum (BOZ), no sul da Sibéria, adquiriu reguladores de energia da marca alemã por meio da empresa russa Techpribor, que importou a tecnologia de revendedores chineses como a Huizhou Funn Tek e a New Source Automation. Esses dispositivos são usados para automatizar máquinas industriais, ampliando a capacidade de produção de munições.

Documentos e dados alfandegários analisados pela Reuters mostram que os modelos recebidos pela Techpribor correspondiam exatamente aos encomendados pela BOZ, controlada pela estatal russa Ya. M. Sverdlov Plant – já sancionada pelos EUA e União Europeia. A Siemens afirmou cumprir rigorosamente as sanções e investigar possíveis violações, mas admitiu que alguns produtos podem chegar à Rússia sem seu conhecimento. Representantes das empresas chinesas disseram que não verificam o usuário final dos produtos.

Bomba russa que teria atingido hospital infantil em Kharkiv, na Ucrânia (Foto: Reprodução/Facebook)

A expansão da BOZ faz parte do esforço russo para aumentar a produção de explosivos como TNT e HMX, usados em projéteis, bombas e morteiros. Analistas de defesa alertam que equipamentos de fabricação ocidental são insubstituíveis em processos industriais avançados e que seu fornecimento ajuda Moscou a sustentar a guerra. Segundo o especialista Konrad Muzyka, esses componentes encurtam prazos e reduzem custos de produção, aliviando a pressão sobre o mercado de trabalho russo.

A descoberta reacende críticas de líderes europeus, que apontam brechas nas sanções ao permitir que intermediários na China abasteçam o setor de defesa russo. Em 2024 e 2025, a União Europeia ampliou a lista de empresas chinesas sancionadas por fornecerem tecnologia a fabricantes militares de Moscou. Para Bruxelas, tais exportações prolongam o conflito e minam esforços diplomáticos para encerrar a guerra na Ucrânia.

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