O chefe do serviço de inteligência da República Tcheca, Michal Koudelka, afirmou na segunda-feira (8) que a Rússia poderia agir contra civis em território tcheco da mesma forma que faz na Ucrânia. As informações são do Politico.
Em discurso durante uma conferência sobre segurança interna e resiliência do Estado, realizada na Câmara dos Deputados em Praga, Koudelka acusou Moscou de praticar “assassinatos brutais” e de “atacar deliberadamente mulheres, crianças e cidadãos ucranianos inocentes e indefesos”.
“Devemos ter absoluta certeza de que os russos fariam o mesmo conosco. Que não haja dúvidas sobre isso”, declarou.

O alerta surge às vésperas das eleições legislativas de outubro, em um contexto em que a União Europeia (UE) tem reforçado preocupações com a influência russa em pleitos da região. Bruxelas já apontou riscos semelhantes em países vizinhos, como Romênia e Moldávia, que também terão votações neste mês.
O Serviço de Informações de Segurança (BIS), chefiado por Koudelka, vem denunciando regularmente operações de influência conduzidas pelo Kremlin, incluindo campanhas de desinformação, tentativas de infiltrar narrativas pró-russas na mídia e ataques cibernéticos contra instituições governamentais.
No relatório de 2024, o órgão apontou que Moscou estaria recrutando migrantes de fora da UE para cometer crimes e gerar instabilidade, com o objetivo de minar a confiança no governo. Uma investigação recente do portal tcheco Voxpot revelou ainda que a produção de sites de desinformação tchecos, com artigos traduzidos de veículos russos sob sanções, atingiu níveis recordes antes do pleito.
Koudelka destacou que a Rússia não demonstra interesse em encerrar a guerra contra a Ucrânia. Segundo ele, os ucranianos não lutam apenas por sua liberdade, mas também pela da própria República Tcheca.
“Eles estão nos dando tempo para nos prepararmos para uma possível agressão russa”, afirmou, acrescentando que “a única linguagem que a Rússia entende é a da força, e a República Tcheca deve demonstrar determinação para defender sua liberdade”.