Ministro alemão critica festival belga por cancelar concerto com maestro israelense

Orquestra alemã teve apresentação suspensa após dúvidas sobre posição do maestro Lahav Shani em relação ao governo israelense

O ministro da Cultura da Alemanha, Wolfram Weimer, classificou como uma “vergonha para a Europa” a decisão do Festival de Flandres, em Ghent (Bélgica), de cancelar a apresentação da Filarmônica de Munique, que seria regida pelo maestro israelense Lahav Shani. As informações são da Deutsche Welle (DW).

O anúncio foi feito na noite de quarta-feira (10), quando os organizadores informaram que a orquestra não se apresentaria mais no dia 18 de setembro, como estava programado. A justificativa foi a falta de clareza sobre a posição de Shani em relação ao governo israelense.

Lahav Shani, ao lado do piano, após concerto em 2022 (Foto: WikiCommons)

Em comunicado, o festival afirmou que “não conseguiu obter clareza suficiente sobre a posição dele [Shani]” em relação ao que descreveu como um “regime genocida”. Diversas organizações de direitos humanos e a Associação Internacional de Estudiosos do Genocídio já classificaram a guerra de Israel em Gaza como genocídio, acusação rejeitada tanto pelo Estado judeu quanto por Berlim.

“Optamos por não colaborar com parceiros que não se distanciaram de forma inequívoca desse regime”, disseram os organizadores, embora tenham reconhecido que Shani “se manifestou diversas vezes em favor da paz e da reconciliação”.

Atualmente diretor musical da Orquestra Filarmônica de Israel, Shani assumirá oficialmente a regência da Filarmônica de Munique na temporada 2026/27.

Acusações de antissemitismo

O ministro Wolfram Weimer reagiu com dureza à decisão, acusando o festival de promover “um boicote cultural” disfarçado de crítica a Israel.

“Isso é puro antissemitismo e um ataque aos fundamentos da nossa cultura”, declarou. Para ele, o episódio representa “um precedente perigoso” e cruzaria uma “linha vermelha” se passasse a ser aceitável desconvidar orquestras alemãs e artistas judeus.

“Os espaços culturais europeus não podem se tornar lugares onde os antissemitas ditam a programação. A Alemanha não aceitará isso”, afirmou o ministro.

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