Israelenses e palestinos comemoraram nesta quinta-feira (9) após o anúncio de um cessar-fogo e de um acordo de reféns, marcando a primeira fase da iniciativa do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para pôr fim à guerra em Gaza, um conflito que já matou quase 70 mil pessoas e remodelou o equilíbrio político do Oriente Médio. As informações são do The New York Times.
O acordo prevê que o Hamas se desarme e abra mão da governança do enclave, embora ainda não tenha confirmado isso. Israel retirará parte das tropas, mantendo presença até a consolidação da paz, mas detalhes e prazos ainda não foram definidos.
Israel afirma que cerca de 20 reféns continuam vivos em Gaza, além dos corpos de outros 25. Todos são homens, a maioria soldados israelenses na faixa dos 20 anos. A libertação deles está diretamente ligada ao acordo de cessar-fogo, mediado por Washington e pelo Egito, enquanto o impasse entre o Estado judeu e o Hamas ainda impede a execução completa do plano.

Tel Aviv, por sua vez, deve liberar cerca de 2.000 prisioneiros e detidos palestinos, incluindo condenados por assassinato e crimes graves, além de pessoas detidas sem acusação durante a guerra.
A libertação dos reféns israelenses é um dos pontos centrais do plano apresentado pelo presidente Donald Trump para o Oriente Médio. A proposta prevê que todos os cativos, vivos e mortos, sejam libertados em até 72 horas após o início do cessar‑fogo, incluindo trocas de prisioneiros e a devolução de restos mortais.
Imagens divulgadas pelo Hamas mostram prisioneiros enfraquecidos, o que gerou comoção em Israel e intensificou a pressão interna por um acordo definitivo. Representantes do grupo palestino afirmam que recuperar os corpos dos reféns mortos exigirá tempo, já que muitos foram enterrados em locais de difícil acesso.
Pessoas enlutadas participaram, nesta semana, de uma cerimônia ao amanhecer em Kfar Aza, no sul de Israel, lembrando o segundo aniversário do ataque transfronteiriço do Hamas, que deu início ao conflito em 7 de outubro 2023.
O destino dos outros reféns
A maioria dos sequestrados em 7 de outubro de 2023 foi libertada em trocas de prisioneiros durante dois períodos de trégua anteriores. Outros oito foram resgatados em operações militares. Segundo uma investigação do The New York Times, mais de trinta reféns morreram em cativeiro.
Autoridades israelenses informam que sete foram executados pelos sequestradores quando soldados se aproximavam e quatro morreram em bombardeios israelenses. Três reféns foram mortos por engano por forças israelenses, confundidos com militantes palestinos. As circunstâncias das demais mortes seguem sob apuração.
O que o Hamas receberá em troca
O plano proposto por Trump prevê que, após a libertação dos reféns, Israel liberte 250 prisioneiros condenados à prisão perpétua e 1.700 palestinos detidos após o ataque de 7 de outubro de 2023.
Além disso, o acordo determina que, para cada corpo de refém devolvido, Israel entregue os restos mortais de 15 palestinos mortos.
O impasse nas negociações de cessar-fogo
Apesar da celebração inicial, as negociações enfrentam obstáculos. Israel exige garantias de segurança e mecanismos de verificação antes de retirar totalmente suas tropas de Gaza. O Hamas, por sua vez, condiciona a assinatura final à suspensão do bloqueio e à reconstrução do território devastado pela guerra.
Autoridades egípcias, que atuam como mediadoras, afirmam que as partes estão próximas de um acordo técnico, mas ainda falta consenso político. Enquanto isso, famílias israelenses continuam pressionando o governo por uma resolução rápida, temendo pela sobrevivência dos reféns restantes.