O Hamas voltou a ser visto nas ruas da Faixa de Gaza após o início do cessar-fogo firmado com Israel. Homens mascarados, alguns uniformizados, outros em roupas civis, foram flagrados distribuindo doces, organizando o trânsito e montando guarda em diversas áreas da Cidade de Gaza, levantando temores entre os moradores sobre o retorno do regime de terror do grupo islâmico. As informações são do Times of Israel.
O reaparecimento do Hamas ocorre um dia após o acordo de trégua, e segundo comunicados do próprio grupo, suas forças de segurança foram redistribuídas por todo o enclave. No entanto, moradores e líderes de milícias rivais relatam que o controle dos extremistas ainda é limitado e marcado por ações pontuais.
Durante os últimos meses, milícias apoiadas pelo Estado judeu combateram o Hamas no sul e no norte do território, em regiões como Khan Younis, Rafah e Jabaliya. Entre os líderes dessas forças estão Hussam al-Astal, Yasser Abu Shabab e Ashraf al-Mansi, que vinham enfrentando o grupo com o objetivo de impedir seu retorno ao poder.
Imagens divulgadas nas redes sociais mostram agentes do Hamas atirando contra moradores suspeitos de colaborar com Israel ou de desviar ajuda humanitária, uma prática associada ao regime repressivo do grupo.
O acordo de cessar-fogo não define quem governará Gaza no pós-guerra. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu afirmou que nem o Hamas nem a Autoridade Palestina terão papel no “dia seguinte”. Mesmo assim, o Hamas declarou que pretende manter armas e autoridade local até a formação de um governo tecnocrático palestino.
Enquanto as Forças de Defesa de Israel (IDF) mantêm o controle de cerca de 53% do território, o Hamas tenta retomar influência nas áreas de onde os israelenses se retiraram. A reocupação das ruas por seus agentes aumenta o medo entre civis, especialmente entre aqueles que se opuseram ao grupo durante o conflito.
“As pessoas estão com medo. Ninguém sabe se o Hamas vai abrir mão do poder”, afirmou Izz al-Din Shihab, morador de Jabaliya.
Para muitos habitantes de Gaza, o retorno do grupo é um sinal de que a paz ainda está distante.
“Eles estão aqui, não dá para negar. Quem mais vai organizar a cidade? Não há mais ninguém”, disse o morador Muein Hilu ao Times of Israel.