China detém dezenas de pastores em nova repressão a igrejas clandestinas

Prisões em série marcam a maior repressão a cristãos na China desde 2018 e evidenciam o endurecimento da política religiosa sob Xi Jinping

A China deteve dezenas de pastores e líderes religiosos de igrejas clandestinas em uma das maiores ações contra cristãos desde 2018. Segundo familiares e porta-vozes da comunidade, as prisões fazem parte de uma nova onda de perseguição religiosa liderada pelo governo de Xi Jinping. As informações são da Reuters.

O pastor Jin Mingri, fundador da Igreja de Zion, uma das maiores igrejas domésticas não oficiais do país, foi detido em sua casa, na cidade de Beihai, no sul do país. A prisão ocorreu enquanto aumentam as tensões diplomáticas entre Beijing e Washington, após a ampliação dos controles de exportação de terras raras por parte do governo chinês.

O secretário de Estado norte-americano Marco Rubio condenou as detenções e pediu a libertação imediata dos religiosos.

Fachada de igreja católica na cidade de Zhengzhou, na China (Foto: Peter Griffin/Public Domain Pictures)
Pastores acusados de uso ilegal da internet

De acordo com um aviso oficial de detenção obtido pela reportagem, Jin, de 56 anos, é acusado de “uso ilegal de redes de informação”, crime que pode resultar em até sete anos de prisão. A família teme por sua saúde, já que ele sofre de diabetes e não tem acesso regular à medicação.

Apoiadores também relatam que advogados estão sendo impedidos de visitar os pastores, aumentando as preocupações sobre as condições de detenção.

Xi Jinping intensifica controle religioso

A nova repressão ocorre após o governo chinês anunciar regras mais rígidas sobre atividades religiosas on-line, proibindo pregações ou treinamentos virtuais não autorizados e o chamado “conluio estrangeiro”.

O presidente Xi Jinping tem reforçado sua política de “sinicização da religião”, exigindo que as práticas religiosas se alinhem à ideologia do Partido Comunista Chinês (PCC).

Crescimento das igrejas domésticas preocupa o regime

A Igreja de Zion conta com cerca de 5 mil fiéis em 50 cidades e ganhou força durante a pandemia de Covid-19, graças aos cultos transmitidos pelo Zoom. O rápido crescimento da comunidade, segundo analistas, é visto com desconfiança pelo governo chinês, que busca controlar a influência religiosa fora das instituições estatais.

“A Igreja de Zion se tornou uma rede bem organizada, o que assusta a liderança do Partido Comunista”, afirmou Bob Fu, fundador da ONG cristã ChinaAid.

A China possui oficialmente mais de 44 milhões de cristãos registrados em igrejas sancionadas pelo Estado, mas estima-se que dezenas de milhões pratiquem sua fé em igrejas clandestinas, conhecidas como “igrejas domésticas”.

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