O que está por trás da aposta da Otan na biotecnologia militar? Entenda

Mark Rutte convoca aliados a manterem vantagem enquanto China e Rússia avançam na inovação biotecnológica

O secretário-geral da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), Mark Rutte, instou os países aliados a acelerarem a inovação e o investimento em biotecnologia militar como forma de reforçar a vantagem estratégica da aliança.

Falando nesta terça-feira (28) durante a primeira Conferência de Biotecnologia da Otan, realizada na Bélgica, Rutte descreveu o evento como “um passo significativo” para ampliar a cooperação e explorar o potencial da biotecnologia na defesa.

“Avançar na inovação biotecnológica é parte essencial desse processo”, afirmou. “Isso garantirá que nossas forças armadas contem com as melhores e mais avançadas capacidades”.

O secretário-geral da Otan, Mark Rutte, no Pentágono, EUA, em abril de 2025 (Foto: WikiCommons)

O secretário-geral ressaltou que a defesa moderna depende de muito mais do que armamentos convencionais.

“Para permanecermos seguros, não precisamos apenas de tanques, caças, navios, drones e munição”, disse. “Também precisamos desenvolver, adquirir e integrar a biotecnologia às nossas capacidades de defesa”.

Rutte alertou que China e Rússia já estão investindo fortemente nesse campo. Ele mencionou que “o financiamento público para pesquisa biotecnológica chinesa totalizou pelo menos US$ 3 bilhões em 2023” e que a estratégia de Beijing “instrumentaliza cadeias de suprimentos e restrições comerciais”.

Ele também acusou Moscou de empregar biotecnologia para fins secretos.

“A Rússia busca explorar ferramentas maliciosas, como seu programa de armas biológicas, que pode ser usado contra seus adversários”, disse. “Não podemos permitir que eles obtenham essa vantagem”, advertiu Rutte, citando ainda Coreia do Norte e Irã como países de preocupação crescente.

O secretário destacou o avanço da própria aliança, citando a Estratégia de Biotecnologia e Aprimoramento Humano da Otan e o Acelerador de Inovação em Defesa para o Atlântico Norte (DIANA), que financiou “28 startups promissoras de biotecnologia” nos últimos dois anos.

Segundo ele, a biotecnologia já vem sendo aplicada em áreas como telemedicina, fornecimento de sangue e tecnologias vestíveis que monitoram fadiga e sinais precoces de trauma.

“Essas aplicações aprimoram capacidades físicas, cognitivas e sensoriais”, afirmou. “Elas nos tornam mais fortes e mais seguros”.

Encerrando o discurso, Rutte pediu aos aliados que intensifiquem os esforços para que a Otan continue “na vanguarda da revolução biotecnológica”, destacando a infraestrutura de ponta e a força de trabalho qualificada da aliança.

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