O secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), António Guterres, afirmou na abertura da COP30, em Belém, que não limitar o aquecimento global a 1,5°C representaria “uma falha moral e uma negligência fatal”. As informações são do The Guardian.
Guterres alertou que até mesmo uma ultrapassagem temporária desse limite pode gerar “consequências dramáticas”, levando ecossistemas a cruzarem pontos de inflexão catastróficos e expondo bilhões de pessoas a condições inabitáveis. Ele pediu uma “mudança de paradigma” na política climática global.
“Cada fração de grau significa mais fome, deslocamento e perdas, especialmente para os menos responsáveis. Isso é uma falha moral e uma negligência fatal”, disse o chefe da ONU.

A Organização Meteorológica Mundial confirmou que as emissões de gases de efeito estufa atingiram um recorde histórico e que 2025 está a caminho de ser um dos três anos mais quentes já registrados.
Apesar de avanços, Guterres reconheceu que o progresso é insuficiente. Mesmo com planos nacionais mais ambiciosos, o planeta segue rumo a um aquecimento de cerca de 2,3°C. “É uma situação perigosa, embora melhor do que há vinte anos”, afirmou, destacando o papel do Acordo de Paris e o avanço da energia limpa.
Em sua crítica mais contundente até hoje, Guterres acusou as indústrias de petróleo, gás e carvão de bloquearem a transição energética.
“Muitas empresas lucram com a devastação climática, gastando bilhões em lobby, enganando o público e obstruindo o progresso.”
A COP30 acontece em meio a tensões geopolíticas e à ascensão do nacionalismo de extrema direita, especialmente nos Estados Unidos. O vice-primeiro-ministro da China, Ding Xuexiang, defendeu o livre fluxo de tecnologias verdes e criticou as tarifas de Trump. Já o presidente colombiano, Gustavo Petro, foi direto: “O Sr. Trump é literalmente contra a humanidade. Ele está 100% errado”.
O príncipe William alertou que o mundo se aproxima perigosamente de pontos de inflexão nos sistemas naturais, como as florestas tropicais e as calotas polares, e defendeu o reconhecimento legal das terras indígenas.
Os países do Sul Global voltaram a cobrar o Norte Global, lembrando que o apoio financeiro prometido de US$ 1,3 trilhão anuais na COP29 ainda não foi cumprido.
O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, reafirmou o compromisso do Reino Unido com a ação climática e criticou os que pedem uma desaceleração nas medidas:
“A segurança energética pode esperar? Os consumidores podem esperar? Claro que não”.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que Belém deveria ser o “Polícia da Verdade” da COP30. Ele alertou que o planeta ainda caminha para um aquecimento de 2,5°C, o que pode matar 250 mil pessoas por ano e reduzir o PIB global em 30%.
“Agora é hora de levar a sério os alertas da ciência”, disse Lula, elogiando o Acordo de Paris e defendendo a sabedoria dos povos indígenas que vivem em harmonia com a natureza.
O primeiro dia da cúpula foi marcado por dois anúncios:
- O lançamento do Fundo Florestas Tropicais para Sempre, com US$ 3 bilhões da Noruega e apoio da China, que busca atrair até US$ 125 bilhões para preservar florestas nativas.
- O primeiro acordo global de reconhecimento de terras indígenas e tradicionais, que abrangerá 160 milhões de hectares até 2030.