As vendas globais de armas atingiram um recorde histórico em 2024, impulsionadas por conflitos em andamento, tensões geopolíticas crescentes e um movimento acelerado de modernização militar em diversas regiões do mundo. Os dados fazem parte de um estudo divulgado nesta segunda-feira (1º) pelo Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo (SIPRI, da sigla em inglês), referência global em monitoramento do mercado de defesa.
Segundo o levantamento, a receita das 100 maiores empresas de defesa aumentou 5,9% em 2023, alcançando US$ 679 bilhões, o maior avanço coletivo desde 2018. O crescimento foi puxado principalmente pelos impactos diretos das guerras na Ucrânia e em Gaza, além do aumento das preocupações com segurança regional entre grandes potências.

Estados Unidos e Europa seguem dominando o mercado. Empresas americanas lideraram com vendas de US$ 334 bilhões, mesmo enfrentando atrasos e estouros de orçamento em programas estratégicos como o caça F-35 e o submarino da classe Columbia. Na Europa, 23 das 26 empresas listadas tiveram aumento de receita, elevando as vendas regionais a US$ 151 bilhões, um salto de 13%.
O maior crescimento individual, porém, veio do Leste Europeu. O grupo tcheco Czechoslovak Group registrou alta de 193% em suas receitas, impulsionado principalmente por contratos de fornecimento para a Ucrânia.
A Turquia também ampliou sua presença no setor. Com a inclusão da MKE, o país passou a contar com cinco empresas no ranking global, ao lado de ASELSAN, TAI, Baykar e Roketsan. Juntas, elas totalizaram US$ 10,1 bilhões em vendas, uma alta anual de 11%.
A Rússia, apesar de enfrentar sanções internacionais e escassez de mão de obra qualificada, registrou aumento de 23% em suas receitas, alcançando US$ 31,2 bilhões, reflexo da forte demanda interna impulsionada pela guerra na Ucrânia.
Na Ásia-Oceania, o desempenho foi misto. As vendas caíram 1,2% devido a uma retração das compras chinesas em meio a investigações de corrupção. Por outro lado, empresas japonesas e sul-coreanas tiveram crescimento robusto de dois dígitos, impulsionadas por exportações e pela intensificação do rearme regional.
O Oriente Médio também registrou sua maior participação da história no Top 100. Nove empresas da região somaram juntas US$ 31 bilhões em vendas. Fabricantes israelenses aumentaram suas receitas apesar das críticas internacionais à guerra em Gaza, enquanto o EDGE Group, dos Emirados Árabes Unidos, alcançou a 37ª posição com faturamento de US$ 4,7 bilhões.
O estudo do SIPRI indica que o cenário global aponta para uma nova fase de rearmamento generalizado, marcada pela expansão de conflitos, disputas estratégicas e pela busca de autonomia militar por diversos países.