Um relatório preliminar do Departamento de Defesa dos Estados Unidos indica que a China provavelmente carregou mais de 100 mísseis balísticos intercontinentais nucleares em silos localizados próximos à fronteira com a Mongólia. As informações foram divulgadas pela agência Reuters e ainda podem sofrer revisões. As informações são da Newsweek.
De acordo com o documento, os mísseis seriam do modelo DF-31, movidos a combustível sólido e capazes de transportar ogivas nucleares. A avaliação reforça preocupações internacionais sobre a expansão do arsenal nuclear chinês e o impacto desse movimento no equilíbrio estratégico global.

O relatório também aponta que Beijing não demonstra interesse em negociar acordos de controle de armas. A postura contrasta com as expectativas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que vem defendendo a desnuclearização em diálogos envolvendo China, Rússia e Coreia do Norte.
A reportagem informou ter procurado a embaixada chinesa em Washington para comentar o assunto, mas não obteve resposta. Um porta-voz do Pentágono declarou que não fará comentários adicionais sobre o relatório.
Características dos mísseis DF-31
Segundo o Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, o DF-31 é um míssil de três estágios, com alcance estimado entre 7 mil e 11,7 mil quilômetros. Implantado inicialmente em 2006, o armamento possui diferentes variantes e pode transportar uma única ogiva nuclear com potência estimada entre 200 e 300 quilotons.
Especialistas avaliam que a mobilidade e o alcance desses mísseis ampliam significativamente a capacidade de dissuasão nuclear da China, especialmente em cenários de conflito envolvendo grandes potências.
Expansão do arsenal nuclear chinês
O Boletim dos Cientistas Atômicos estima que a China possua atualmente cerca de 600 ogivas nucleares, sendo 276 com alcance intercontinental. Projeções do Pentágono indicam que esse número pode ultrapassar mil ogivas até 2030.
De acordo com o Boletim, a análise do arsenal nuclear chinês é dificultada pela escassez de dados oficiais e pelo controle rigoroso de informações por parte do governo. Ainda assim, especialistas afirmam que o país apresenta hoje o crescimento mais rápido entre os arsenais nucleares do mundo.
Contexto internacional
Nos últimos meses, Donald Trump acusou a China de realizar testes nucleares secretos, alegação que foi negada por Beijing. O governo chinês afirma cumprir suas obrigações internacionais de não proliferação, enquanto segue investindo na modernização de suas forças estratégicas.
O avanço do programa nuclear chinês tende a aumentar as tensões geopolíticas e reacender debates sobre segurança global, controle de armas e equilíbrio de poder entre as principais potências militares.