Ação de mineradora chinesa ameaça 1,5 mil famílias de despejo no Zimbábue

Além do risco de terem que se mudar, moradores temem que degradação ambiental no local aumente com a exploração mineral

Moradores da cidade de Mutoko, na província de Mashonaland Oriental, no Zimbábue, correm o risco de perder suas casas devido aos planos de uma mineradora chinesa de iniciar a exploração de granito negro na área. As informações são do jornal local Zimbabwe Independent.

Se confirmado, o projeto de exploração de uma área de 168 hectares levará ao despejo das residências de cerca de 1,5 mil famílias locais. Grupos de moradores entraram em rota de colisão com a Shanghai Haoying Mining Investments na tentativa de amenizarem os danos ao meio-ambiente e à população.

Granito negro é alvo de exploração na cidade de Mutoko, no Zimbábue (foto: cnrgzim.org)

Em contrapartida à exploração, os grupos de moradores exigem da mineradora um projeto de preservação ambiental e a criação de um fundo rotativo comunitário, cujos recursos seriam utilizados em projetos de desenvolvimento.

A população, por sua vez, tentar resistir ao projeto de despejo das famílias. Os moradores dizem que “algumas pessoas visitaram a área recentemente” para anunciar a retirada da população.

A ONG CNRG (Centro de Governança de Recursos Naturais, da sigla em inglês) afirma que, “historicamente, a maioria dos casos de realocações induzidas pelo desenvolvimento no Zimbábue não atendem adequadamente às necessidades básicas das famílias afetadas”.

No caso de Mutoko, a ONG destaca que a identidade da população local “está enraizada em sua história e em práticas culturais consagradas pelo tempo”, o que aumenta o impacto do deslocamento.

A Shanghai Haoying, cujos investidores são chineses e, em menor parte, italianos, não é a única que atua na região. Outras cinco mineradoras exploram o granito negro de Mutoko, numa ação que tem gerado maciça degradação ambiental.

Por que isso importa?

Relatos de comunidades atingidas pela ação de mineradoras são frequentes no Zimbábue. Em 2009, moradores da região de Marange, no distrito de Mutare, no Zimbábue, foram retirados de suas terras pelo governo para dar lugar a empresas de mineração chinesas. Hoje, vivem em uma área do governo em condições precárias.

No noroeste do país, em maio deste ano, os apelos contrários da população de Dinde não foram suficientes para barrar o início da exploração da mineradora chinesa Beifa Investments no local.

Mais recentemente, em julho, o governo nacional suspendeu a atuação da empresa chinesa Afrochineno Zimbábue no parque natural de Mavuradona, que integra o Patrimônio Mundial da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura). A rara vitória dos ambientalistas veio graças a uma série de problemas burocráticos da mineradora.

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