Ataque armado a base de operações mata ao menos 20 policiais em Burkina Faso

Além das mortes já confirmadas, o ministro da Comunicação, Ousseni Tamboura, afirmou que vários policiais estão desaparecidos

Homens armados atacaram um posto policial em Foube, no centro-norte de Burkina Faso, e mataram ao menos 20 policiais no último domingo (21). A ação também deixou um membro da ONG Médicos Sem Fronteiras ferido, e um centro de saúde foi incendiado. A informação foi confirmada somente nesta terça (23) pelo governo, segundo a agência Associated Press.

“Estamos chocados com esta notícia e alarmados com esta situação”, disse Mamadou Diarra, chefe da missão da ONG em Burkina Faso. “O posto de saúde está completamente destruído e não pode mais tratar os pacientes. A violência continua a aumentar diariamente em Burkina Faso, prendendo o povo burquinense um pouco mais a cada dia, o que é inaceitável”.

Além das mortes já confirmadas, o ministro da Comunicação, Ousseni Tamboura, afirmou que vários policiais estão desaparecidos após o atentado, segundo o site Prensa Latina. Nenhum grupo assumiu oficialmente a autoria da ação.

Soldados das forças de Burkina Faso durante exercício militar (Foto: WikiCommons)

O ataque desta terça dá sequência à onda de violência empreendida por jihadistas contra as forças de segurança. Na semana passada, outro ataque a um posto policial, este na cidade de Inata, província de Soum, deixou 53 oficiais mortos, além de quatro civis, conforme a informação mais recente das autoridades.

Aquele ataque foi um golpe significativo contra o governo, vez que o destacamento em Inata foi o único que se manteve de pé ao longo dos dois últimos anos, enquanto tropas nas bases vizinhas recuaram quando a violência aumentou, disse Heni Nsaibia, pesquisador ligado ao Projeto de Dados de Localização e Eventos de Conflitos Armados.

Por que isso importa?

Burkina Faso convive desde 2015 com a violência de grupos ligados à Al-Qaeda e ao Estado Islâmico (EI), insurgência que levou a um conflito com as forças de segurança e desencadeou uma crise humanitária. Grupos armados lançam ataques ao exército e a civis, desafiando também a presença de milhares de tropas francesas e de forças internacionais.

Os ataques costumavam se concentrar no norte e no leste do país, mas agora estão se alastrando por todo o país. O pior ataque jihadista já registrado em Burkina Faso ocorreu em 5 de junho, quando insurgentes incendiaram casas e atiraram em civis ao invadirem a vila de Solhan, no norte. Na ocasião, 160 pessoas morreram.

Após meses de trégua e relativa calmaria por conta de negociações entre o governo e algumas organizações extremistas em torno da eleição presidencial do ano passado, a província de Soum, um dos epicentros da violência, tem registrado aumento nos conflitos desde o final de outubro.

Inclusive, tem havido um ressurgimento de postos de controle comandados por rebeldes, que forçam as pessoas a mostrarem identificação e, às vezes, as sequestram, conforme relatou um funcionário do governo local que pediu para não ter sua identidade revelada.

Desde que o conflito teve início, os ataques de ambas organizações extremistas já forçaram mais de 1,5 milhão de pessoas a fugirem de suas casas. Estima-se que quase 5 milhões de pessoas sofram de insegurança alimentar, com quase 3 milhões em situação de insegurança alimentar aguda.

No Brasil

Casos mostram que o Brasil é um “porto seguro” para extremistas. Em dezembro de 2013, um levantamento do site The Brazil Business indicava a presença de ao menos sete organizações terroristas no Brasil: Al Qaeda, Jihad Media Battalion, Hezbollah, Hamas, Jihad Islâmica, Al-Gama’a Al-Islamiyya e Grupo Combatente Islâmico Marroquino.

Em 2001, uma investigação da revista VEJA mostrou que 20 membros terroristas de Al-Qaeda, Hamas e Hezbollah viviam no país, disseminando propaganda terrorista, coletando dinheiro, recrutando novos membros e planejando atos violentos.

Em 2016, duas semanas antes do início dos Jogos Olímpicos no Rio, a PF prendeu um grupo jihadista islâmico que planejava atentados semelhantes aos dos Jogos de Munique em 1972. Dez suspeitos de serem aliados ao Estado Islâmico foram presos e dois fugiram. Saiba mais.

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