Biden assina ordem executiva que libera sanções contra partes do conflito em Tigré

Medida é uma forma de Washington pressionar por um cessar-fogo e pela liberação de acesso de ajuda humanitária à região no norte da Etiópia

O presidente norte-americano Joe Biden assinou nesta sexta-feira (17) uma ordem executiva que autoriza eventuais futuras sanções contra as partes envolvidas no conflito em Tigré, no norte da Etiópia. As informações são da rede CNN.

A medida é uma forma de pressão de Washington sobre as partes do conflito, a fim de que adotem uma postura menos belicista, negociem um cessar-fogo e permitam o acesso de ajuda humanitária à região. Segundo Biden, o processo precisa ser rápido, uma questão de “semanas, não meses”, disse ele.

Um comunicado assinado pelo líder norte-americano afirma que “o conflito em curso no norte da Etiópia é uma tragédia que causa imenso sofrimento humano e ameaça a unidade do Estado etíope”. E prossegue: “Os Estados Unidos estão determinados a pressionar por uma solução pacífica para este conflito e fornecerão total apoio aos que liderarem os esforços de mediação”.

Soldados do exército da Etiópia em janeiro de 2014 (Foto: Tobin Jones/Wikimedia Commons)

Biden se dirigiu também às forças da Eritreia, que têm dado suporte ao exército etíope contra os rebeldes de Tigré. “Eu me junto aos líderes de toda a África e de todo o mundo para exortar as partes no conflito a interromperem suas campanhas militares, respeitarem os direitos humanos, permitirem o acesso humanitário desimpedido e virem à mesa de negociações sem pré-condições. As forças da Eritreia devem se retirar da Etiópia”, afirmou Biden.

Já o Secretário de Estado Antony Blinken afirmou que, se o processo de paz não for iniciado, “os Estados Unidos designarão em breve líderes, organizações e entidades específicas sob este novo regime de sanções”. Uma lista de indivíduos e organizações que viriam a sofrer as sanções econômicas já teria sido elaborada.

Troca de acusações

Do lado etíope, o primeiro-ministro Abiy Ahmed escreveu uma carta aberta a Biden, na qual afirma que as ações de seu governo na região de Tigré “são continuamente deturpadas” e atribui a culpa pelo conflito à TPLF (Frente de Libertação do Povo Tigré), partido político local com um braço armado.

Os rebeldes, por sua vez, alegam que os combates têm como objetivo forçar o governo a desbloquear as rotas de passagem de ajuda humanitária para a região norte da Etiópia, onde cerca de 400 mil pessoas sofrem com a escassez de alimentos e de outros suprimentos essenciais.

Por que isso importa?

A região de Tigré, no extremo norte da Etiópia, está imersa em conflitos desde novembro, quando disputas eleitorais levaram Addis Abeba a determinar a tomada das instituições locais. A disputa opõe a TPFL às forças de segurança nacionais da Etiópia, amparadas pelo exército da vizinha Eritreia.

Os militares chegaram a reconquistar Tigré, mas os rebeldes viraram o jogo e começaram a ganhar território. No final de junho, eles anunciaram um processo de “limpeza” para retomar integralmente o controle da região e assumiram o comando de Mekelle, a capital regional.

Pouco após a derrota do exército, o governo da Etiópia decretou um cessar-fogo e deixou Tigré. Os soldados do exército da Eitreia, que apoia Addis Abeba, também deixaram de ser vistos por lá. Agora, com o avanço dos rebeldes, que já conquistaram as províncias vizinhas de Afar e Amhara, o exército foi enviado novamente para apoiar as tropas locais.

Em meio à disputa entre rebeldes e governo, a região enfrenta uma campanha que gera fome e violência e já deteriorou as condições de vida de cinco milhões de civis.

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