Com frequentes quedas de energia e todas as redes de comunicação cortadas, a região etíope de Tigré está ilhada desde a intensificação dos conflitos – e iminente guerra civil – contra a o governo central, em Adis Abeba.
Além de dificultar o tráfego de ajuda humanitária à região, a queda nos fluxos de comunicação também prejudica o envio de informações a nível local e global.
Jornalistas relatam impossibilidade em transmitir informações sem acesso à internet, conexão via celular ou linhas fixas, registrou o jornal sul-africano Mail & Guardian nesta segunda (16).
Desde que as tropas etíopes retomaram o controle sobre Tigré, na madrugada de quinta (12), nenhum jornalista está autorizado a entrar nas áreas em conflito. Os que tentaram foram presos.
“Nenhum repórter independente tem acesso à região”, disse um correspondente estrangeiro em Addis Abeba que pediu para não ser identificado. “Só sabemos o que diz o governo. Os únicos que têm acesso à comunicação são as tropas etíopes e as milícias”.
Além dos profissionais da imprensa, moradores de outras partes do país também não conseguem se comunicar com seus familiares sem o acesso a redes de comunicação em Tigré.
Disputa crescente
As poucas informações disponíveis, no entanto, já mostram a gravidade do conflito em Tigré. As Nações Unidas alertaram que não há como transportar ajuda humanitária e suprimentos médicos a Tigré, já que todas as vias estão bloqueadas.
Além disso, o vizinho Sudão já espera receber 200 mil deslocados em fuga dos confrontos de Tigré. Mulheres e crianças exaustas representam o maior número, disseram autoridades sudanesas.
As disputas se acentuaram no início do mês, quando o primeiro-ministro Abiy Ahmed enviou tropas à região após um suposto ataque em uma base militar que envolveu roubo de artilharia.
Abiy acusa os líderes de Tigré de desrespeitar a Constituição etíope. O partido realizou eleições locais no dia 9 de setembro sem a autorização do governo, que adiou o pleito para 2021 por conta da pandemia do novo coronavírus.