Conteúdo adaptado de material publicado originalmente em inglês pela ONU News
Homens armados não identificados no Sudão atacaram no domingo (30) caminhões do Programa Alimentar Mundial (PMA), da ONU (Organização das Nações Unidas), que transportavam assistência alimentar destinada a milhares de civis necessitados no centro de Darfur, informou a agência.
Clementine Nkweta-Salami, a principal autoridade humanitária da ONU para o Sudão, expressou “indignação” com o incidente.
“A ajuda saqueada de um comboio do PMA no centro de Darfur não irá mais para as pessoas mais vulneráveis e necessitadas”, disse ela numa publicação no X, antigo Twitter.
Facing all odds and dangers, we continue the race against the clock to avert famine in #Sudan.
— Clementine Nkweta-Salami (@CNkwetaSalami) July 1, 2024
The aid looted from a @WFP convoy in Central Darfur will no longer go to the most vulnerable people in need.
Stealing food from their plate is an outrage.https://t.co/knsLAv132p
Em uma publicação separada, o PMA apelou às autoridades para garantir que os perpetradores sejam responsabilizados, enfatizando que “a entrega segura de suprimentos deve ser garantida por todos”.
Situação alarmante
O ataque surge no contexto de um agravamento da crise humanitária, impulsionado pela guerra em curso no Sudão entre militares rivais que deixou o país à beira da fome.
Mais da metade da população, cerca de 26 milhões de pessoas, está enfrentando “níveis de crise” de fome e quase 9,4 milhões de pessoas foram expulsas de suas casas, incluindo cerca de 1,9 milhão para países vizinhos.
A situação é particularmente preocupante na região de Darfur, que tem testemunhado intensos combates entre as Forças Armadas Sudanesas (SAF) e as Forças de Apoio Rápido (RSF) paramilitares.
De acordo com agentes humanitários da ONU, as vidas de 800 mil pessoas “estão em jogo” enquanto os combates se alastram em áreas densamente povoadas na capital provincial El Fasher, causando danos generalizados e de longo prazo aos civis e interrompendo gravemente os serviços essenciais dos quais eles dependem.
Financiamento necessário ‘urgentemente’
Por sua vez, as agências da ONU continuam a fornecer ajuda e proteção a milhões de pessoas necessitadas, apesar dos desafios significativos e da insegurança.
O Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), juntamente com seus parceiros, por exemplo, forneceu às crianças e suas famílias água potável, serviços de saúde e exames para desnutrição.
O PMA também intensificou a sua resposta de emergência para reduzir a crise da fome, mais do que duplicando o número de pessoas alvo de assistência em 2024, para 8,7 milhões.
No entanto, as agências relatam a necessidade de financiamento adicional, juntamente com o acesso irrestrito, para evitar a fome na época de escassez que agora começou.
Em 24 de junho de 2024, o Plano de Resposta e Necessidades Humanitárias do Sudão para 2024, no valor de US$ 2,7 bilhões, que visa prestar assistência vital a 14,7 milhões de pessoas em todo o país, foi financiado apenas em 16,6%, com US$ 447,4 milhões recebidos.