Crise no Marrocos: jovens desafiam governo em protestos contra reformas na saúde e educação

Manifestantes da “Geração Z” mobilizam cidades marroquinas exigindo melhorias no sistema público. Governo promete discutir mudanças

A violência atingiu diversas cidades do Marrocos pela quarta noite consecutiva na terça-feira (30), provocados por protestos contra reformas no sistema de saúde e educação. Segundo o Ministério do Interior, mais de 260 agentes de segurança e 23 civis ficaram feridos, e 409 pessoas foram presas. As informações são da agência France24.

Os confrontos ocorreram em áreas como Rabat, Inezgane, Ait Amira e Oujda, envolvendo lançamentos de pedras, coquetéis molotov e depredações. Vídeos compartilhados nas redes sociais mostram cenas de violência que reforçam o clima de tensão no país.

Protesto no Marrocos em setembro (Foto: WikiCommons)

Os protestos foram organizados pelo coletivo GenZ 212, movimento sem liderança definido, originado em plataformas como TikTok e Discord. Em comunicado, o grupo pediu manifestações pacíficas e expressou pesar por danos materiais, mas manteve sua demanda por mudanças urgentes.

A revolta popular surge em meio a uma crescente insatisfação com a qualidade da saúde pública e educação. Um dos símbolos do movimento foi a morte de oito mulheres em um hospital público em Agadir, que acentuou a crítica aos investimentos governamentais. Manifestantes questionam: “Os estádios estão aí, mas onde estão os hospitais?”.

O governo, por sua vez, negou priorizar a Copa do Mundo, que o país irá sediar ao lado de Espanha e Portugal em 2030, em detrimento da infraestrutura pública. Em resposta, o parlamento anunciou uma reunião para discutir reformas no setor, presidida pelo primeiro-ministro Aziz Akhannouch.

Os protestos refletem um fenômeno global de mobilização juvenil, semelhante ao observado em países como Nepal, Bangladesh e Madagascar. A resposta das autoridades marroquinas nos próximos dias será decisiva para definir o rumo da crise política no país.

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