Facção da Al-Qaeda mata mais de 70 e saqueia arsenal militar em Burkina Faso

Insurgentes roubaram armas e outros itens e mataram 32 civis, 16 militares e 25 membros de uma milícia civil aliada ao governo

Ao menos 73 pessoas foram mortas em um ataque realizado por uma facção da Al-Qaeda no leste de Burkina Faso no domingo (31). Os detalhes do massacre só vieram à tona nesta quarta-feira (3), através de depoimentos relatados pela rede RFI.

Segundo testemunhas da violência e autoridades locais, cerca de 200 jihadistas em motocicletas invadiram a vila de Tawori, na província de Tapoa, no final da tarde. As forças de segurança ali estacionadas conseguiram resistir por cerca de uma hora, mas estavam em inferioridade numérica e acabaram derrotadas. Os insurgentes, então, assumiram o controle da área.

O ataque foi reivindicado pelo Jamaat Nasr al-Islam wal Muslimin (JNIM), um grupo ligado à Al-Qaeda. Seus combatentes permaneceram na vila por aproximadamente duas horas, saqueando residências e o arsenal dos militares que faziam a segurança da região.

Os mortos seriam 32 civis, 16 militares e 25 membros de uma milícia civil armada aliada às Forças Armadas, chamada Voluntários para a Defesa da Pátria (VDP). Também há relatos de que ao menos dois soldados foram sequestrados pelos insurgentes.

Soldado do exército de Burkina Faso em treinamento, fevereiro de 2019 (Foto: nara.getarchive.net)
País em ebulição

Burkina Faso convive desde 2015 com a violência de grupos terroristas, insurgência que levou a um conflito com as forças de segurança e matou milhares de pessoas. Facções armadas lançam ataques ao Exército e a civis, desafiando também a presença de tropas estrangeiras.

Os ataques costumavam se concentrar no norte e no leste, mas agora estão se alastrando por todo o país, com quase metade do território nacional fora do controle do governo central. Assim, Burkina Faso superou Mali e Níger como epicentro da violência jihadista na região.

Houve um período de relativa calmaria, até que a violência aumentou após a tomada do poder no país por uma junta militar em janeiro de 2022. Oficiais descontentes derrubaram o presidente eleito Roch Marc Christian Kabore, que enfrentava protestos pela forma como combatia a sangrenta insurgência jihadista. Em setembro daquele ano, um segundo golpe levou a nova mudança no poder, com o capitão Ibrahim Traoré assumindo o governo central.

A instabilidade faz crescer o problema da insurgência. Para especialistas, os extremistas aproveitam a divisão pública no país, situação que se tornou ainda mais delicada após a França acatar um pedido do governo central burquinense e retirar suas tropas da nação africana. Paris mantinha até 400 membros de suas forças especiais por lá, parte da Operação Barkhane de combate ao extremismo no Sahel.

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