Moçambique recebe reforço financeiro para a área de segurança alimentar e nutrição

Setor agrícola emprega 70% da população, e pequenos produtores são responsáveis pelo fornecimento de 94% dos alimentos consumidos no país

Conteúdo adaptado de material publicado originalmente pela ONU News

O governo de Moçambique e o Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola (Fida) assinaram dois acordos de subvenção no valor US$ 4,2 milhões. O financiamento será canalizado por meio de dois projetos de desenvolvimento, com o objetivo de alargar a resiliência das comunidades rurais por meio de maior segurança alimentar, melhor nutrição e aumento da renda. 

O reforço surge numa época em que a ministra do Desenvolvimento Internacional da Noruega, Anne Beathe Tvinnereim, visitou e conversou com agricultores inseridos em projetos apoiados pela agência da ONU.

Na vila da Moamba, sul de Moçambique, ela conheceu Aida Simbine, uma das agricultoras que faz parte de uma associação local formada por 125 pequenos produtores, a maioria mulheres. Ela disse que os agricultores partilharam histórias de resiliência e perseverança como resultado das secas e consequências provocadas pelo ciclone Freddy.

Cadeias de valor e famílias

A ministra norueguesa citou ainda a necessidade do apoio aos pequenos agricultores e o investimento em cadeias de valor para aumentar a segurança alimentar nos países africanos e proporcionar melhores rendimentos às famílias.

Aida Simbine é apoiada pelo projeto Procava, que providencia água bombeada do rio Incomáti para irrigar as suas culturas no seu espaço de cultivo, onde crescem feijão, batata, pimenta e cebola.

Recentemente, o ciclone Freddy destruiu cerca de 66 mil hectares de terras agrícolas, o que impacta negativamente a segurança alimentar do país. Os agricultores perdem aproximadamente 30% das suas colheitas devido aos estragos pós-colheita o que resulta numa produtividade baixa. 

Mulher pega água em alojamento para refugiados após ciclone Eloise em Moçambique, janeiro de 2021 (Foto: Unicef/Ricardo Franco)
Diversificação de dietas

Para Sara Mbago-Bhunu, directora regional do Fida para a África Oriental e Austral, o desafio da agência é abordar o impacto da fragilidade para construir sistemas alimentares resilientes. A agência promove ativamente a produção e diversificação das dietas, bem como o aumento da renda e do emprego.

O setor agrícola em Moçambique emprega 70% da população, e os pequenos produtores são responsáveis pelo fornecimento de 94% dos alimentos consumidos em Moçambique.

Para além do financiamento, apoio técnico e infraestrutura, o Fida fornece habilidades necessárias aos agricultores com vista a encontrar soluções face aos desafios das mudanças climáticas.

Peixes e alimentação infantil

A desnutrição em Moçambique é também uma preocupação para o governo da Noruega. No país africano, 38% das crianças sofrem de desnutrição crônica.

Uma das soluções para o combater aos índices de desnutrição é a inclusão de peixes na alimentação infantil. Para efeito, o Fida vai apoiar o setor de aquicultura capacitando os piscicultores, fornecendo assistência técnica aos produtores de rações e conectando mulheres e jovens produtores aos mercados.

A iniciativa contará com financiamento da Agência Norueguesa de Cooperação para o Desenvolvimento (Norad).

Desde 1983, o Fida investiu mais de US$ 386,47 milhões em 15 programas e projetos de desenvolvimento rural em Moçambique, no valor total de quase US$ 581 milhões. As intervenções beneficiaram diretamente 2.391.789 de domicílios rurais.

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